"A salvação de um homem. O
despertar da sexualidade de uma mulher".
Enigmático e sedutor, Gabriel Emerson é um renomado especialista em Dante. Durante o dia assume a fachada de um rigoroso professor universitário, mas à noite se entrega a uma desinibida vida de prazeres sem limites. O que ninguém sabe é que tanto sua máscara de frieza quanto sua extrema sensualidade na verdade escondem uma alma atormentada pelas feridas do passado. Gabriel se tortura pelos erros que cometeu e acredita que para ele não há mais nenhuma esperança ou chance de se redimir dos pecados. Julia Mitchell é uma jovem doce e inocente que luta para superar os traumas de uma infância difícil, marcada pela negligência dos pais. Quando vai fazer mestrado na Universidade de Toronto, ela sabe que reencontrará alguém importante – um homem que viu apenas uma vez, mas que nunca conseguiu esquecer.Assim que põe os olhos em Julia, Gabriel é tomado por uma estranha sensação de familiaridade, embora não saiba dizer por quê. A inexplicável e profunda conexão que existe entre eles deixa o professor numa situação delicada, que colocará sua carreira em risco e o obrigará a enfrentar os fantasmas dos quais sempre tentou fugir. Primeiro livro de uma trilogia, O inferno de Gabriel explora com brilhantismo a sensualidade de uma paixão proibida. É a história envolvente de dois amantes lutando para superar seus infernos pessoais e enfim viver a redenção que só o verdadeiro amor torna possível.
Bem o livro aborda o tema 'dante'. Vocês sabem de onde vem? Ou quem foi Dante? E também sobre a vida dele e obras, uma 'Beatrice'
.
Dante Alighieri (Florença, 1º
de junho de 1265 — Ravena, 13 ou 14
de setembro de1321) foi um escritor, poeta e político italiano. É considerado o
primeiro e maior poeta da língua
italiana,
definido como il sommo poeta ("o sumo poeta").
Seu nome, segundo o testemunho do filho Jacopo
Alighieri,
era um hipocorístico de
"Durante".[1] Nos
documentos, era seguido do patronímico "Alagherii"
ou do gentílico"de
Alagheriis", enquanto a variante "Alighieri" afirmou-se com o
advento de Boccaccio.
Foi muito mais do que literato: numa época
onde apenas os escritos em latim eram valorizados,
redigiu um poema, de viés épico e teológico, La Divina Commedia (A Divina Comédia), que se tornou a base da língua
italiana moderna e culmina a
afirmação do modo medieval de entender o mundo. Nasceu em Florença, onde viveu a
primeira parte da sua vida até ser injustamente exilado. O exílio foi ainda
maior do que uma simples separação física de sua terra natal: foi abandonado
por seus parentes. Apesar dessa condição, seu amor incondicional e capacidade
visionária o transformaram no mais importante pensador de sua época.
Não há registro oficial da data de
nascimento de Dante. Ele informa ter nascido sob o signo de Gêmeos, entre fim de maio e meados de junho. A referência mais
confiável é a data de 25
de maio de 1265. Dante, na verdade, é uma
abreviação de seu real nome, Durante.
Nasceu numa importante família florentina (cujo apelido era,
na realidade, Alaghieri) comprometida politicamente com o partido dos Guelfos, uma aliança
política envolvida em lutas com outra facção de florentinos: os Gibelinos. Os Guelfos estavam
ainda divididos em "Guelfos Brancos" e "Guelfos Negros".
Dante, no Inferno (XV, 76), pretende dizer que a sua
família tem raízes na Roma Antiga, ainda que o familiar mais antigo que se lhe
conhece (citado pelo próprio Dante, no livro Paraíso,
(XV, 135), seja Cacciaguida do Eliseu, que terá vivido, quando muito, à volta
do ano 1100 (o que,
relativamente ao próprio Dante, não é muito antigo).
O seu pai, Alighiero di Bellincione, foi um
"Guelfo Branco'. Não sofreu, porém, qualquer represália após a vitória do
partido Gibelino naBatalha da Montaperti. Essa consideração
por parte dos próprios inimigos denota, com alguma segurança, o prestígio da
família.
A mãe de Dante chamava-se Bella degli Abati,
nome algo comentado por significar "a bela dos abades", ainda que
Bella seja uma contracção de Gabriella. Morreu quando Dante contava apenas com
cinco ou seis anos de idade. Alighiero rapidamente se casou com Lapa di
Chiarissimo Cialuffi. (Há alguma controvérsia quanto a esse casamento, propondo
alguns autores que os dois se tenham unido sem contrair matrimónio, graças a
dificuldades levantadas, na época, ao casamento de viúvos). Dela nasceram o
irmão de Dante, Francesco, e Tana (Gaetana), sua irmã.
Com a idade de doze anos, em 1277, sua família impôs
o casamento com Gemma, filha de Messe Manetto Donati, prática comum — tanto no
arranjo quanto na idade — na época. Era dada uma importância excepcional à
cerimónia que decorria num ambiente muito formal, com a presença de um notário.
Dante teve vários filhos de Gemma. Como acontece, geralmente, com pessoas
famosas, apareceram muitos supostos filhos do poeta. É provável, no entanto,
que Jacopo, Pietro e Antonia fossem, realmente, seus filhos. Antonia tomou o
hábito de freira, com o nome de Irmã Beatriz. Um outro homem, chamado Giovanni,
reclamou também a filiação mas, apesar de ter estado com Dante no exílio,
restam algumas dúvidas quanto à pretensão.
Pouco se sabe sobre a educação de Dante,
presumindo-se que tivesse estudado em casa, de forma autodidata. Sabe-se que
estudou a poesia toscana, talvez com a ajuda de Brunetto Latini (numa idade posterior, como se
dirá de seguida). A poesia toscana centrava-se na "Scuola poetica
siciliana", um grupo cultural da Sicília que se dava a conhecer, na
altura, na Toscânia. Esse interesse depressa se
alargou a outros autores, dos quais se destacam os menestréis e poetas provençais, além dos autores da Antiguidade
Clássica latina (de entre os quais elegia, preferencialmente, Virgílio, ainda que também tivesse
conhecimento da obra de Horácio, Ovídio, Cícero e, de forma mais superficial, Tito Lívio, Séneca, Plínio e outros de que encontramos
bastantes referências na Divina Comédia.
É importante referir que durante estes séculos
escuros (em italiano "Secoli Bui", expressão
usada por alguns para referir-se à Idade Média, designando-a como "Idade das trevas" - noção que hoje em dia é
rebatida por muitos historiadores que demonstram que essa época foi muito mais
rica culturalmente do que aquilo que a tradição pretende demonstrar), a península Itálica era politicamente dividida em um complexo mosaico
de pequenos Estados, de modo que a Sicília estava tão longe, cultural e
politicamente, de Florença quanto a Provença. As regiões do que hoje é a Itália ainda não compartilhavam a
mesma língua nem a mesma cultura, também em virtude das vias de comunicação
deficitárias. Não obstante, é notório o espírito curioso de Dante que, sem
dúvida, pretendia estar a par das novidades culturais a um nível internacional.
Aos dezoito anos, com Guido Cavalcanti, Lapo Gianni, Cino da Pistoia e, pouco depois, Brunetto Latini,
Dante lança o Dolce Stil Nuovo. Na Divina Comédia (Inferno, XV, 82), faz-se uma
referência especial a Brunetto Latini, onde se diz que terá instruído Dante.
Tanto na Divina Comédia como na Vita Nuova depreende-se que Dante se terá
interessado por outros meios de expressão como a pintura e a música.
Ainda jovem (18 anos), conheceu Beatrice Portinari, a filha de Folco dei Portinari, ainda que, crendo no próprio Dante, a
tenha fixado na memória quando a viu pela primeira vez, com nove anos (teria
Beatriz, nessa altura, oito anos). Há quem diga, no entanto, que Dante a viu
uma única vez, nunca tendo falado com ela. Não há elementos biográficos que
comprovem o que é que seja.
É difícil interpretar no que consistiu essa paixão,
mas, é certo, foi de importância fulcral para a cultura italiana. É sob o signo
desse amor que Dante deixou a sua marca profunda no Dolce Stil Nuovo e em toda a poesia lírica italiana, abrindo caminho aos
poetas e escritores que se lhe seguiram para desenvolverem o tema do Amor (Amore) que, até então, não tinha
sido tão enfatizado. O Amor por Beatriz (tal como o amor quePetrarca demonstra por Laura, ainda que
numa perspectiva diferente) aparece como a justificativa da poesia e da própria
vida, quase se confundindo com as paixões políticas, igualmente importantes
para Dante.
Quando Beatriz morreu, em 1290, Dante procurou refúgio espiritual na filosofia daLiteratura latina. Pelo Convívio, sabemos que leu a "De
consolatione philosophiae", deBoécio, e a "De amicitia", de Cícero. Dedicou-se, pois, ao estudo da
filosofia em escolas religiosas, como a Dominicana de Santa Maria Novella, tanto mais que ele próprio era membro da Ordem Terceira de São Domingos. Participou nas disputas entre místicos e dialécticos, que se travavam, então, em
Florença nos meios académicos, e que se centravam em torno das duas ordens
religiosas mais relevantes. Por um lado, os Franciscanos, que defendiam a doutrina dos místicos
(São Boaventura), e, por
outro, os Dominicanos, que se
socorriam das teorias de Tomás de Aquino. A sua paixão
"excessiva" pela filosofia é criticada por Beatriz (representando a Teologia), no Purgatório.
Dante participou, também, na vida militar da
época. Em 1289, combateu ao lado
dos cavaleirosflorentinos, contra os de Arezzo, na batalha de Campaldino, em 11
de junho.
Em 1294, estava com os
soldados que escoltavam Carlos
de Anjou (também referido por
vezes como Martel) quando
este estava em Florença.
Foi, também, médico e farmacêutico; não
pretendia exercer essas profissões mas, segundo uma lei de 1295, todo nobre que pretendesse
tomar um cargo público devia pertencer a uma dasGuildas (Corporazioni di
Arti e Mestieri - ou seja,
"Corporação de Artes e Ofícios"). Ao entrar na guilda dos boticários,
Dante podia, assim, aceder à vida política. Esta profissão não era, de todo,
inadequada para Dante, já que, na época, os livros eram vendidos nos
boticários. De 1295 a 1300, fez parte do
"Conselho dos Cem" (o Conselho da Comuna de Florença), onde fez parte
dos seispriores que governavam a
cidade.
O envolvimento político de Dante
acarretou-lhe vários problemas. O papa Bonifácio
VIII tinha a intenção de ocupar
militarmente Florença. Em 1300, Dante estava em San
Gimignano,
onde preparava a resistência dos guelfos toscanos contra as intrigas papais. Em 1301, o papa enviouCarlos de Valois, (irmão de Felipe o Belo, rei de França), como pacificador
da Toscânia. O governo de Florença, no entanto, já recebera mal os embaixadores papais,
semanas antes, de forma a repelir qualquer influência da Santa
Sé.
O Conselho da cidade enviou, então, uma delegação a Roma, com o fim de indagar
ao certo as intenções do Sumo Pontífice. Dante chefiava essa delegação.
Bonifácio rapidamente enviou os outros
representantes de Florença de volta, retendo apenas Dante em Roma. Entretanto, a 1 de novembro de 1301, Carlos de Valois entrava em Florença com os Guelfos Negros que, por
seis dias, devastaram a cidade e massacraram grande número de partidários da
facção branca. Instalou-se, então, um governo apoiante dos Guelfos Negros, e
Cante dei Gabrielli di Gubbio foi nomeado "Podestà"
(funcionário público designado pelas famílias mais influentes da cidade). Dante
foi condenado, em Florença, ao exílio por dois anos, além de ser condenado a
pagar uma elevada multa em dinheiro. Ainda em Roma, o papa
"sugeriu-lhe" que aí se mantivesse, sendo considerado, a partir de
então, um proscrito. Não tendo pago a multa, foi, por consequência, condenado
ao exílio perpétuo. Se fosse, entretanto, capturado por soldados de Florença,
seria sumariamente executado, queimado vivo.
O poeta participou em várias tentativas para repor
os Guelfos Brancos no poder; em Florença, no entanto, devido a diversas
traições, todas falharam. Dante, amargurado com o tratamento de que foi alvo
por parte dos seus inimigos, afligia-se também com a inacção dos seus antigos
aliados. Declarou solenemente, na altura, que pertencia a um partido com um
único membro. Foi nesta altura que começou a fazer o esboço do que viria a ser
a "Divina Comédia", poema constituído por 100 cantos, divididos em 3
livros ("Inferno", "Purgatório" e "Paraíso") com
33 cantos cada (exceptuando o primeiro livro que, dos seus 34 cantos, o
primeiro é considerado apenas como Canto introdutório).
Foi para Verona, onde foi hóspede de Bartolomeo Della Scala; mudou-se para Sarzana (Ligúria), e, depois, supõe-se que terá
vivido algum tempo em Lucca com Madame Gentucca, que o
acolheu de forma calorosa (o que, mais tarde, será referido de forma agradecida
no Purgatório XXIV,37). Algumas fontes afirmam que teria estado em Paris, entre 1308 e 1310. Outras fontes, menos credíveis, porém, dizem que
teria ido até Oxford
Em 1310, Arrigo VII do Luxemburgo invadia Itália. Dante viu nele a
hipótese de se vingar. Escreveu-lhe, bem como a vários príncipes italianos,
cartas abertas onde incitava violentamente à destruição do poderio dos Guelfos
Negros. Misturando religião e assuntos privados, invocou a ira divina sobre a
sua cidade, sugerindo como alvo principal do desagrado de Deus os seus mais
tenazes inimigos pessoais.
Em Florença, Baldo d'Aguglione perdoou a maior
parte dos Guelfos Brancos que estavam no exílio, permitindo-lhes o seu
regresso. Dante, no entanto, tinha ultrapassado largamente os limites
toleráveis para o partido negro nas suas cartas a Arrigo VII, pelo que o seu
regresso não foi permitido.
Em 1312, Arrigo assaltou Florença, derrotando os
"Guelfos Negros". Não há, no entanto, qualquer evidência de uma
possível participação de Dante no evento. Há quem diga que Dante se recusou a
participar num ataque à sua cidade ao lado de um estrangeiro. Outros, porém,
sugerem que o seu nome se tinha tornado incómodo para os próprios "Guelfos
Brancos", pelo que qualquer traço da sua passagem foi prontamente apagado
para a posteridade. Em 1313, com a morte de Arrigo, morreu também a esperança
de Dante de rever a sua cidade. Voltou para Verona onde Cangrande I della Scala, o Senhor de Verona, lhe permite viver seguro,
confortável e, presume-se, com alguma prosperidade. Cangrande é um dos
personagens admitidos por Dante no seu Paraíso (XVII, 76).
Em 1315, Florença foi obrigada, por Uguccione della
Faggiuola (oficial militar que controlava a cidade) a outorgar amnistia a todos
os exilados. Dante constava na lista daqueles que deveriam receber o perdão. No
entanto, era exigido que estes pagassem uma determinada multa e, acima de tudo,
que aceitassem participar numa cerimónia de cariz religioso onde se
retractariam como ofensores da ordem pública. Dante recusou-se a semelhante
humilhação, preferindo o exílio.
Quando Uguccione derrota, finalmente, Florença, a
sentença de morte que recaía sobre Dante foi comutada numa pena de prisão, sob
a única condição de que teria de ir a Florença jurar solenemente que jamais
entraria na cidade. Dante não foi. Como resultado, a pena de morte estendeu-se
aos seus filhos.
Dante ainda esperou, mais tarde que fosse possível
ser convidado por Florença a um regresso honrado. O exílio era como que uma
segunda morte, privando-o de muito do que formava a sua identidade. No Canto
XVII, 55-60, do Paraíso, Dante refere o quanto era dolorosa para si a vida de
exilado, quando o seu trisavô, Cacciaguida, lhe "profetiza" aquilo
que o espera:
|
Quanto à esperança de um dia voltar a Florença,
Dante descreve o seu sentimento melancólico, como se já estivesse resignado a
essa impossibilidade, no Canto XXV, 1-9 do Paraíso:
|
É claro
que isto nunca aconteceu. Os seus restos mortais mantêm-se em Ravena, não em Florença.
Guido Novello da Polenta, príncipe de Ravena,
convidou-o para aí morar, em1318. Dante aceitou a oferta. Foi em
Ravenna que terminou o "Paraíso" e, pouco depois, falecia, talvez de malária, em 1321, com 56 anos, sendo sepultado na Igreja de San
Pier Maggiore (mais tarde chamada Igreja de San Francesco). Bernardo Bembo,
pretor de Veneza, decidiu
honrar os restos mortais do poeta, erigindo-lhe um monumento funerário de
acordo com a dignidade de Dante Alighieri.
Na sepultura, constam alguns versos de Bernardo
Canaccio, amigo de Dante, onde se refere a Florença com os seguintes termos:
parvi Florentia mater amoris
"Florença, mãe de pequeno amor"
Posteriormente, Florença chegou a lamentar o exílio
de Dante e fez repetidos pedidos para o retorno de seus restos mortais. Os
responsáveis pela guarda de seu corpo em Ravenna se recusaram a cumprir,
chegando ao ponto de esconder os ossos em uma parede falsa do mosteiro. No
entanto, em 1829, um túmulo foi construído para ele em Florença, na
basílica de Santa Cruz. Essecenotáfio está vazio desde então, com o
corpo de Dante remanescendo em Ravenna, longe da terra que ele amava tão
ternamente. Em frente do seu túmulo em Florença lê-se Onorate l'altissimo poeta - que pode ser traduzido como
"Honra ao poeta mais exaltado". A frase é uma citação do quarto canto
do Inferno, representando as boas-vindas de
Virgílio quando ele volta entre os grandes poetas antigos passando a eternidade
no limbo. A continuação da linha, L'ombra sua torna, ch'era
dipartita ("seu espírito, que tinha nos deixado,
volta"), é uma lamúria ao túmulo vazio.
Em 2007, a reconstrução do rosto de Dante foi concluída em
um projeto colaborativo. Artistas da Universidade de Pisa e engenheiros da
Universidade de Bolonha em Forli completaram o modelo revelador, que indicou
que as características de Dante eram um pouco diferentes do que se pensava.
A Divina Comédia descreve uma viagem de Dante através do Inferno,Purgatório, e Paraíso,
primeiramente guiado pelo poeta romano Virgílio(símbolo da razão humana), autor
do poema épico Eneida, através do Inferno e do Purgatório e, depois, no
Paraíso, pela mão da sua amada Beatriz - símbolo da graça divina - (com quem, presumem muitos
autores, nunca tenha falado e, apenas visto, talvez, de uma a três vezes).
Em termos gerais, os leitores modernos preferem a
descrição vívida e psicologicamente interessante para a sensibilidade
contemporânea do "Inferno", onde as paixões se agitam de forma
angustiada num ambiente quase cinematográfico. Os outros dois livros, o Purgatório e o Paraíso, já exigem outra abordagem por
parte do leitor: contêm subtilezas ao nível filosófico e teológico, metáforas
dificilmente compreensíveis para a nossa época, requerendo alguma pesquisa e paciência.
O Purgatório é considerado, dos três livros, o mais lírico e humano. É
interessante verificar que é, também, aquele onde aparecem mais poetas. O
Paraíso, o mais pesadamente teológico de todos, está repleto de visões
místicas, raiando o êxtase, onde Dante tenta descrever aquilo que, confessa, é
incapaz de exprimir (como acontece, aliás, com muitos textos místicos que fazem
a história da literatura religiosa). O poema apresenta-se, como se pode ver num
dos excertos acima, como "poema sagrado" o que demonstra que Dante
leva muito a sério o lado teológico e, quiçá, profético, da sua obra. As
crenças populares cristãs adaptaram muito do conceito de
Dante sobre o inferno, o purgatório e o paraíso, como por exemplo o fato de
cada pecado merecer uma punição distinta no inferno. A Comédia é o maior
símbolo literário e síntese do pensamento medieval, vivenciado pelo autor.
O poema chama-se "Comédia" não por ser
engraçado mas porque termina bem (no Paraíso). Era esse o sentido original da
palavra Comédia, em contraste com a Tragédia, que terminava, em princípio, mal
para os personagens.
Dante escreveu a "Comédia" no seu dialeto
local. Ao criar um poema de estrutura épica e com propósitos filosóficos, Dante
demonstrava que a língua toscana (muito aproximada do que hoje é
conhecido como língua italiana, ou
língua vulgar, em oposição aolatim, que se considerava como a
língua apropriada para discursos mais sérios) era adequada para o mais elevado
tipo de expressão, ao mesmo tempo que estabelecia o Toscano como dialecto
padrão para o italiano.
Outras obras importantes do autor são:
·
De Vulgari Eloquentia ("Sobre a Língua
vulgar", escrita, curiosamente, em latim);
·
Vita Nova ("Vida Nova"), onde insere sonetos,
comentados, onde narra a história do seu amor por Beatriz. A língua utilizada é
a toscana, tanto para os poemas (o que não é grande novidade, já que muitas
obras líricas tinham sido escritas em língua vulgar) como para os comentários
que, pelo seu carácter mais teórico, já inovam ao prescindir do latim.
·
Le Rime - "As rimas", também
chamadas de "Canzoniere", onde aparecem vários textos de cariz lírico
(sonetos, canções, baladas, sextinas…), onde, novamente, canta o amor
idealizado (amor platónico),
Beatriz, bem como a Ciência, a Filosofia, a Moral (num sentido alargado do
termo);
·
Il Convivio - "O Convívio", de
carácter filosófico, é apresentado pelo poeta como um banquete com 14 pratos
(simbolizando as canções), acompanhados do pão (os comentários). Faz parte das
obras que pretendem dignificar a língua vulgar, tanto mais que Dante chega aqui
a citar autores tão importantes como Aristóteles ou São Tomás de Aquino;
·
De Monarchia - "Monarquia", onde
expõe as suas ideias políticas. O livro, escrito em latim possivelmente entre
1310 e 1314, defende a supremacia do poder temporal sobre o poder papal, lembrando
que até Jesus Cristo ressaltou que não desejava o
poder temporal. Ao final, recomenda que ambos respeitem-se um ao outro,
obedecendo àquele "que é o único governador de todas as coisas,
espirituais e temporais"
·
Outras
obras, consideradas menores, como "As Epístolas", "Éclogas"
e "Quaestio de aqua et terra".
Nota: Quando nos referimos a excertos da Divina
Comédia, indicamos primeiro o livro (por exemplo, "Inferno"), depois
o Canto, emnumeração romana; e, finalmente, em algarismos indo-arábicos, os versos (que aparecem numerados na maior parte
das edições da obra).
Em 2007, cientistas
italianos da Universidade de Bologna recriaram a face de Dante. Crê-se que o
modelo seja o mais próximo
possível de sua verdadeira aparência. Seu retrato, feito por Botticelli, foi usado como
base junto ao crânio.
Dante, como expoente da literatura universal
foi utilizado como referência cultural e didáctica indispensável pela
autora portuguesa Sophia de Mello Breyner
Andressen,
que o utilizou como personagem no livro infanto-juvenil "O Cavaleiro da Dinamarca", onde é
apresentado às jovens gerações como alguém que terá tido contacto com
realidades transcendentes ou que, não as tendo tido, deixou, ainda assim, uma
obra por si mesma transcendente.
Em julho de 2008, o Comitê Cultural de
Florença revogou o exílio e concedeu a seus herdeiros, como forma de
compensação a mais alta honraria da cidade, Il
Fiorino D'Oro. A proposta, aprovada na câmara de vereadores da cidade,foi
apresentada pelo vereador Enrico Bosi, do Partido Povo da Liberdade,
tendo sido aprovada por apenas um voto acima do quórum mínimo, uma vez que
recebeu oposição de muitos vereadores da esquerda, que a consideraram apenas
uma forma de beneficiar o único herdeiro vivo de Dante, Peralvise Serego
Alighieri, um produtor de vinho da região de Valpolicella.
Beatriz Portinari, em italiano Beatrice (Bice)
Portinari,
(1266 — 8
de junho de 1290) foi, segundo
alguns críticos literários, a figura histórica que inspirou o personagem
Beatriz, deDante.
Beatriz era uma rapariga muito bela, que era
musa de Dante Alighieri. Foi uma inspiração para Dante no seu grande poema
"A Divina Comédia".
Embora não unânime, a tradição que
identifica a filha do banqueiro Folco Portinari com a Beatriz amada por Dante é
muito enraizada. O próprio Giovanni Boccaccio, no comentário à Divina
Comédia,
faz explicitamente referência à jovem.
A documentação sobre sua vida sempre foi
muito escassa, a ponto de se duvidar da sua real existência. Até pouco tempo
atrás, a única prova era o testamento de Folco Portinari, datado de 1287. Ali se lê: ...item d. Bici filie sue et uxoris
d. Simonis del Bardis reliquite [...]. Trata-se
de uma soma em dinheiro, deixada à filha Bice, esposa de Simone de' Bardi.
Folco Portinari fora um banqueiro muito rico e conhecido na sua cidade, Portico di Romagna.
Transferindo-se para Florença, vivia em uma casa
vizinha à de Dante e tinha seis filhas. Fundou aquele que é até hoje o
principal hospital do centro de Florença, o Ospedale
di Santa Maria Nuova.
A data de nascimento de Beatrice foi obtida
por analogia com a data presumida do nascimento de Dante (1265), já que ela era da
mesma idade ou um ano mais nova que o poeta. A data de sua morte foi obtida na Vita
Nuova, obra do próprio
Dante, e talvez não passe de uma data simbólica. Muitas outras informações
biográficas provêm unicamente da Vita
Nuova, tais como o único encontro com Dante, a saudação, o fato de os dois
nunca terem trocado palavras, etc.
Muito jovem, Dante conheceu Beatriz, e,
crendo no próprio Dante, fixou-a na memória quando a viu pela primeira vez, aos
nove anos (teria Beatriz, nessa altura, 8 anos). Não há, entretanto, elementos
biográficos que comprovem o quer que seja.
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