Páginas

Monday, March 4, 2013

Diana Gabaldon Outlander 02 A Libélula no Âmbar


"— Não consigo imaginá-lo com uma barba longa e cheia. Só o vi no estágio de barba curta e espetada.
Sorriu com um dos cantos da boca, erguendo o outro, enquanto raspava sob a maça do rosto alta e proeminente deste lado.
— Da próxima vez que formos convidados a Versalhes, Sassenach, pedirei para visitarmos o zoológico real. Luís tem uma criatura lá que um dos capitães de seus navios lhe trouxe de Bornéu, chamado orangotango. Já viu um desses?
— Sim — eu disse —, o zoológico de Londres tinha um casal antes da guerra.
— Então sabe como eu fico de barba — disse, sorrindo para mim enquanto terminava com uma cuidadosa operação na curva do queixo. Desgrenhado e antiquado. Mais ou menos como o visconde Marigny acrescentou —, só que ruivo."

 Gente eu me apaixonei por eles, sim elas viram a minha cabeça pelos ares.
Eu acabei entrando na narrativa, e percebi como possuem semelhanças de comportamento entre mim e o meu namorado. é de ri tanto meus amores. Que aqui vai um pouquinho de um dos meus casais preferidos. 
Clarie e Jamie
 Bem toda essa história começa com o primeiro livro. A viajante do Tempo.

Em 1945, a enfermeira inglesa Claire Randall e o marido, Frank, tentando reacender a chama de um casamento abalado pela separação ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial, viajam para as Highlands escocesas em lua-de-mel. Lá, Claire assiste a um ritual celta ambientado em um círculo de rochas considerado sagrado. Após a cerimônia, ela decide voltar a passear pelo local e, quando está exatamente no centro mágico, é misteriosamente transportada para o ano de 1743. Nessa viagem há outro tempo, encontra um ancestral do marido, ”Black Jack” Randall, e cuida de um jovem soldado francês, James Frasier, ruivo, másculo e atraente. Claire e Jamie acabam se envolvendo e, para salvá-la da ira do povo local, impressionado com a ”estranha visitante”, acabam arranjando um casamento. Juntos, enfrentam perigos e vivem uma série de aventuras.
            Diana Gabaldon é uma autora que fascina os fãs que a tornaram best-seller. Seu talento para contar histórias desdobra-se na invulgar capacidade de retratar a vida cotidiana dos habitantes das Highlands, temperando paixões e riscos com o humor e o espírito escoceses. Alicerçando sua narrativa em personagens meticulosamente construídas, a começar por Claire, a Inglesa, a Forasteira, mulher hábil, dotada de inteligência sensível, Gabaldon cria um romance que desafia rótulos: fantasia, história de amor ou ficção científica?
            Cenas apaixonadas e peripécias se sucedem na trama, até que a heroína descobre uma forma de retornar a 1945. Será, porém, que Claire deseja mesmo voltar? As lembranças de Frank estão esmaecendo, e Jamie parece cada vez mais atraente...

*****************************
(“Mesmo sem discutir o assunto, acho que nós dois sentimos que era um local simbólico para restabelecermos nosso casamento; nós nos casamos e passamos uma lua-de-mel de dois dias nas Highlands, pouco antes da deflagração da guerra há sete anos. Um refúgio tranqüilo onde pudéssemos redescobrir um ao outro, pensamos, sem perceber que, enquanto o golfe e a pesca são os esportes ao ar livre mais praticados da Escócia, o mexerico é o esporte de salão mais popular. E do jeito que chove na Escócia, as pessoas passam muito mais tempo dentro de casa.”)

A personagem começa a ser caracterizada aqui. Neste pequeno trecho do livro que transcorre.
*************************************

“(Sentando-se na beira da cama antiga, começou a balançar-se devagar para cima e para baixo, criando um rangido rítmico e penetrante. O ronco do aspirador de pó no corredor parou bruscamente. Após um ou dois minutos balançando-se, ele deu um gemido alto e teatral e deixou-se cair para trás com uma vibração de protesto das molas. Não pude conter uma risadinha abafada no travesseiro, para não perturbar o silêncio sepulcral do lado de fora.
Frank ergueu as sobrancelhas para mim.
— Você deveria gemer em êxtase, não dar risadinhas — repreendeu-me num sussurro. — Ela vai achar que eu não sou um bom amante.
— Você vai ter que continuar por mais tempo do que isso, se espera gemidos empolgados - respondi. - Dois minutos não merecem mais do que uma risadinha.
— Que mulherzinha sem consideração. Eu vim aqui descansar, lembra-se?
— Preguiçoso. Nunca vai conseguir colocar o próximo ramo familiar em sua árvore genealógica se não mostrar um pouco mais de empenho.”)
********************************

(“Jonathan Wolverton Randall. Wolverton pelo tio de sua mãe, um cavaleiro insignificante de Sussex. Era, entretanto, conhecido pelo apelido um tanto arrojado de "Black Jack", algo que adquiriu no exército, provavelmente durante a época em que serviu aqui.”)

O destemido e mal conhecido Black Jack, um vilão a medida do enredo, Concerteza aflorou-se conforme se teria processo aos fatos.

(— Isso vai acontecer com você, Fraser. Só mais algumas horas e você sentirá o laço da forca. — A voz riu, satisfeita consigo mesma. — Você irá para a sua morte com a bunda ardendo do meu prazer e quando liberar seus intestinos, será meu esperma que escorrerá pelas suas pernas e pingará no chão embaixo da forca.)

*****************************************

(“Chega-se a um ponto, numa intensa luta física, em que uma pessoa se abandona ao uso desenfreado de força e recursos corporais, ignorando os custos até a luta acabar. As mulheres encontram este ponto no parto; os homens na batalha.
Passado esse ponto, você perde todo medo da dor ou do ferimento. A vida se torna muito simples nesse ponto; você fará o que está tentando fazer ou morrerá na tentativa e, na verdade, não importa muito o desfecho.”)

*************************
(Mas quando abri a porta do quarto e vi Jamie, recostado numa poltrona junto à lareira, minha apatia foi imediatamente suplantada por uma onda de ternura. Seus olhos estavam fechados e seus cabelos espetados em todas as direções, um indício seguro de turbulência mental. Mas ele abriu os olhos com o leve ruído de minha chegada e sorriu para mim, os olhos claros e azuis à luz cálida do candelabro.
— Está tudo bem — foi tudo que ele murmurou para mim, tomando-me em seus braços. — Você está em casa. — Ficamos em silêncio, enquanto despíamos um ao outro e finalmente nos isolamos do mundo, cada qual encontrando um santuário silencioso e desejado nos braços um do outro.)

(Jamie emitiu um som escocês de desaprovação.
— Meu Deus, será que nenhum homem está a salvo de ser corneado? Toquei levemente seu braço.
— Provavelmente alguns mais do que outros.
— Você acha? — ele disse, mas sorriu para mim.)

(Jamie hesitou, e Annalise puxou-o com mais firmeza.
— Venha — insistiu. — Não precisa temer por sua mulher. — Lançou um olhar de aprovação ao meu vestido. — Ela não vai ficar muito tempo sozinha-
— É isso que eu temo — Jamie balbuciou num sussurro. — Está bem, então, só um momento. — Desvencilhou-se momentaneamente da mão de Annalise e inclinou-se para sussurrar ao meu ouvido.
— Se eu a encontrar numa dessas alcovas, Sassenach, o homem que estiver com você está morto. E quanto a você... — Suas mãos contorceram-se inconscientemente na direção do cinto de sua espada.
— Ah, não, não vai não — eu disse. — Você jurou sobre sua adaga que nunca mais me bateria outra vez. A adaga sagrada não está valendo mais nada?
Um sorriso relutante repuxou sua boca.
— Não, não vou bater em você, embora bem que gostaria.
— Ótimo. O que pretende fazer então? — perguntei, provocando-o.
— Pensarei em alguma coisa — respondeu, com uma certa crueldade. — Não sei o quê, mas você não vai gostar.)

(— Ela disse a Marie d’Arbanville que mestre Raymond foi quem fez a perfuração dos mamilos para ela — observei, num sussurro. Seu olhar fascinado não se desviou.
— Devo marcar uma hora com ele? — perguntei. — Imagino que ele faria isso para mim se eu lhe desse a receita do tônico de cominho.
Jamie olhou para mim finalmente. Segurando-me pelo cotovelo, conduziu-me a uma das alcovas de descanso.
— Se você sequer falar com mestre Raymond outra vez — disse, pelo canto da boca —, eu os perfurarei para você eu mesmo, com os dentes.)

(Ergui os braços para trás, a fim de juntar meus cabelos e fazer um coque. De repente, Jamie inclinou-se para frente e agarrou meu pulso, esticando meu braço para cima.
— O que está fazendo? — perguntei, levando um susto.
— O que você andou fazendo, Sassenach? — perguntou. Olhava fixamente para minha axila.
— Depilei — eu disse com orgulho. — Ou melhor, tirei com cera. Louise estava com sua servante aux petits soins, você sabe, sua ajudante de embelezamento? Ela estava lá hoje de manhã e me depilou também.
— Com cera? — Jamie olhou espantado para a vela no castiçal, junto ao jarro d’água, depois de novo para mim. — Você colocou cera nas axilas?
— Não esse tipo de cera — assegurei-lhe. — Cera de abelhas perfumada. A mulher aqueceu a cera, depois espalhou a cera morna na pele. Quando esfria, é só puxar — encolhi-me involuntariamente diante da lembrança -, e isso não é nenhum bicho-de-sete-cabeças.
— Não conheço nenhum bicho com sete cabeças — disse Jamie com ar severo. — Por que diabos haveria você de fazer isso? — Olhou atentamente o local da operação, ainda segurando meu braço levantado no ar. — Isso não... doeu... credo! — Deixou meu braço cair e recuou rápido.
— Não doeu? — perguntou, o lenço no nariz outra vez.
— Bem, um pouco — admiti. — Mas valeu a pena, não acha? — perguntei, erguendo os dois braços como uma bailarina e girando de um lado para o outro. — Primeira vez que me senti completamente limpa em meses.
— Valeu a pena? — ele exclamou, soando um tanto atordoado. — O que tem a ver com limpeza arrancar todos os pêlos de baixo dos braços?
Um pouco tardiamente, percebi que nenhuma mulher escocesa que eu conheci empregava qualquer forma de depilação. Além disso, era quase certo que Jamie nunca estivera em contato suficientemente íntimo com uma parisiense de alta-classe para saber que a maioria delas se depilava.
— Bem — eu disse, de repente compreendendo a dificuldade que um antropólogo enfrenta ao tentar interpretar os costumes mais singulares de uma tribo primitiva. — Cheira muito menos — acrescentei.
— E o que há de errado na maneira como você cheira? — ele disse acaloradamente. — Ao menos, você cheira como uma mulher, não como uma maldita flor de jardim. O que acha que eu sou, um homem ou uma abelha? Poderia se lavar, Sassenach, para que eu possa ficar a menos de dez passos de você?
Peguei uma pequena toalha como esponja e comecei a limpar o torso. Madame Laserre, a mulher encarregada dos cuidados de beleza de Louise, aplicara óleo perfumado em todo o meu corpo; esperava que saísse com facilidade. Era desconcertante vê-lo pairando ao meu redor fora do alcance do cheiro, fitando-me como um lobo acuando sua presa.
Virei-me de costas para mergulhar a esponja na bacia e disse descontraidamente por cima do ombro:
— Ha, e depilei as pernas também.
Lancei um olhar furtivo por cima do ombro. O choque original transformava-se em uma expressão de total perplexidade.
— Suas pernas não tinham cheiro nenhum — ele disse. — A menos que tenha andado com bosta de vaca até o joelho.
Virei-me e levantei minhas saias até os joelhos, apontando o dedão do pé para a frente a fim de exibir as curvas delicadas da minha perna.
— Mas ficaram tão mais bonitas — ressaltei. — Lisas e macias; não como as de um macaco peludo.
Ele abaixou os olhos para os próprios joelhos penugentos, ofendido.
— E eu sou um macaco?
— Você, não. Eu! — exclamei, ficando exasperada.
— Minhas pernas são muito mais cabeludas do que as suas jamais serão!
— Bem, elas devem ser assim; você é homem!
Ele inspirou como se fosse responder, depois soltou o ar outra vez, sacudindo a cabeça e resmungando alguma coisa para si mesmo em gaélico. Atirou-se de volta na cadeira e recostou-se, observando-me através de olhos semicerrados e de vez em quando resmungando sozinho de novo. Resolvi não pedir uma tradução.
Depois que a maior parte do meu banho estava realizada no que pode melhor ser descrito como um ambiente carregado, decidi tentar a reconciliação.
— Poderia ter sido pior, sabe — eu disse, passando a esponja na parte de dentro da minha coxa. — Louise mandou remover todos os pêlos do seu corpo.
Isso lhe causou um sobressalto que por sua vez o fez voltar ao inglês, ao menos temporariamente.
— O quê? Ela removeu os pêlos da perereca? — ele disse, horrorizado a ponto de adotar uma vulgaridade que não lhe era própria.
— Hum-hum — respondi, satisfeita de que tal visão afastara suas atenções de minha própria condição inquietantemente pelada. — Cada pêlo. Madame Laserre arrancou até mesmo os extraviados.
— Nosso Senhor Jesus Cristo! — Ele fechou os olhos com força, ou para evitar ou para melhor contemplar a perspectiva que eu descrevera.
Evidentemente, a última hipótese era a verdadeira, porque ele abriu os olhos outra vez e olhou-me espantado, perguntando:
— E agora ela está andando por aí pelada como uma menina?
— Ela diz que os homens acham erótico.)

(Por que o quê? Ah, por que Fergus, você quer dizer?
— É isso mesmo que quero dizer. — Eu não sabia ao certo até onde seu braço iria alcançar, mas a mão deslizava devagar pela parte de trás de minha coxa. —Jamie, tire a mão daí agora mesmo!
Os dedos voaram para o lado e habilmente soltaram a liga de fitas que segurava minha meia. Esta escorregou pela minha perna e amontoou-se em volta do meu tornozelo.
— Animal! — Dei-lhe um chute, mas ele se esquivou, rindo.
— Ah, animal, hein? De que tipo?
— Um cão vira-lata! — retruquei, tentando me curvar para puxar minha meia para cima sem cair dos saltos dos sapatos. Fergus, após um breve e desinteressado olhar para nós, retomara suas tentativas com o bilboquê.
— E quanto ao garoto — ele continuou alegremente —, Fergus agora trabalha para mim.
— Para fazer o quê? — perguntei. — Já temos um garoto que limpa as espadas e botas e um que cuida dos estábulos.
Jamie balançou a cabeça.
— Sim, é verdade. Mas não temos um batedor de carteiras. Ou melhor, não tínhamos; agora, temos.
Inspirei fundo e soltei o ar devagar.
— Sei. Acho que seria tolice minha perguntar exatamente por que precisamos acrescentar um batedor de carteira à criadagem.
— Para roubar cartas, Sassenach —Jamie respondeu calmamente.
— Ah — eu disse, começando a ver a luz.
— Não consigo extrair nada sensato de Sua Alteza. Quando está comigo, não faz outra coisa senão se lamentar sobre Louise de La Tour ou cerrar os dentes e blasfemar porque andaram discutindo outra vez. Em qualquer um dos casos, tudo que ele quer é se embebedar o mais rápido possível. Mar está perdendo a paciência com ele porque uma hora ele é arrogante, outra mal-humorado.)


(— Sei — eu disse, mordendo o lábio. — Eu, hum, espero que não tenha sacado sua espada lá dentro.
Jamie estreitou os olhos para mim, mas não se dignou a responder diretamente.
— Deixo isso por sua conta, Sassenach — ele disse secamente -, imaginar o que é chegar sem ser esperado no meio de um bordel, de posse de uma enorme salsicha.
Minha imaginação mostrou-se à altura dessa tarefa e eu desatei a rir.
— Meu Deus, quisera ter visto essa cena! — eu disse.
— Graças a Deus que não viu! — ele disse ardorosamente. Um rubor furioso brilhou nas maçãs do seu rosto.)

( Estou decente para ir jantar? — perguntou, olhando criticamente para o peito. — Já deve estar quase pronta.
— O que está pronta?
Ele abriu a porta e um cheiro condimentado, delicioso, entrou imediatamente, vindo da sala de jantar lá embaixo.
— Ora, a salsicha, é claro — ele disse, com um amplo sorriso por cima do ombro. — Você não achou que eu iria desperdiçá-la, não é?)

São trechos do livro, uma obra magnifica.

(— Vai me deixar fazer isso depois? — ele murmurou, com uma leve mordida. — Quando a criança chegar e seus seios ficarem cheios de leite? Você vai me alimentar também, junto ao seu coração?
Segurei sua cabeça e acariciei-a, os dedos mergulhados nos cabelos macios como os de um bebê que cresciam abundantemente na base de seu crânio.
— Sempre — sussurrei.)


Tento Curti a vida, mas nada eu quero é beijar na boca, porém a única boca que eu quero na minha está a muitos quilômetros de mim.

******pontos que gostaria de ressaltar ********
Aqui vai um momento maravilhoso

(— O que diabos está fazendo, Claire?
Ergui a cabeça abruptamente, com tanta força que mordi a língua. Seus dois olhos estavam nas respectivas órbitas e em sua posição correta, fitando-me de cada lado do nariz afilado. Eu nunca o vira com o cabelo cortado tão rente. Fazia-o parecer um estranho, os ossos fortes do rosto nítidos sob a pele e o topo de seu crânio visível sob o cabelo espesso e curto, à escovinha.
— O que estou fazendo? — repeti. Engoli, tentando umedecer minha boca seca. — O que estou fazendo? Estou sentada aqui com uma mecha do seu cabelo na mão, imaginando se você está morto ou não! É isso que estou fazendo!
— Não estou morto. — Atravessou o quarto até o armário e o abriu. Usava sua espada, mas havia trocado de roupa desde a nossa visita à casa de Sandringham; agora, estava vestido com seu casaco velho, o que lhe permitia liberdade de movimentos com os braços.
— Sim, notei — eu disse. — Muito atencioso de sua parte vir me contar.
— Vim buscar minhas roupas. — Tirou duas camisas e seu manto comprido de dentro do armário e colocou-os sobre um banco, enquanto se dirigia à cômoda para remexer nas gavetas, recolhendo roupas de baixo.
— Suas roupas? Mas afinal de contas aonde você vai? — Não sabia o que esperar ao vê-lo, mas certamente não esperara por isso.
— Para uma hospedaria. — Olhou para mim, depois aparentemente concluiu que eu merecia mais do que uma explicação de três palavras. Virou-se e encarou-me, os olhos azuis e opacos como lazulita.
— Quando a mandei para casa no coche, caminhei durante algum tempo, até conseguir recuperar o autocontrole. Então, vim para casa para pegar minha espada e retornei à casa do duque para apresentar a Randall um desafio formal. O mordomo disse-me que Randall tinha sido detido pela polícia.
Seu olhar demorou-se sobre mim, distante como as profundezas do oceano. Engoli em seco outra vez.
— Fui à Bastilha. Disseram-me que você entrara com uma acusação contra Randall, dizendo que ele atacara você e Mary Hawkins na outra noite. Por que, Claire?
Minhas mãos tremiam e eu soltei o tufo de cabelos que estava segurando. Sua coesão perturbada pelo manuseio, ele se desintegrou e os belos fios ruivos espalharam-se, soltos, pelo meu colo.
— Jamie — eu disse, e minha voz também tremia. — Jamie, você não pode matar Jack Randall.
Um dos cantos de sua boca contorceu-se, apenas ligeiramente.
— Não sei se devo ficar enternecido com sua preocupação pela minha segurança ou ofendido por sua falta de confiança em mim. Mas, em qualquer dos dois casos, você não precisa se preocupar. Eu posso matá-lo. Facilmente. — A última palavra foi proferida em voz baixa, com um tom subjacente que misturava veneno e satisfação.
— Não é isso que eu quero dizer! Jamie...
— Felizmente — ele continuou, como se não estivesse me ouvindo -, Randall pode provar que estava na casa do duque durante toda a noite do estupro. Assim que a polícia terminar de interrogar os convidados que estavam presentes e ficarem convencidos de que Randall é inocente, ao menos dessa acusação, ele será liberado. Vou ficar na hospedaria até ele ser libertado. Então, eu o encontrarei. — Seus olhos estavam fixos no armário.
Mas obviamente ele estava vendo algo diferente. — Ele estará à minha espera — disse num sussurro.
Enfiou as camisas e roupas de baixo em uma bolsa de viagem e pendurou o manto no braço. Virava-se para atravessar a porta quando eu dei um salto da cama e o segurei pela manga.
— Jamie! Pelo amor de Deus, Jamie, ouça-me! Você não pode matar Jack Randall porque eu não vou deixar!
Olhou-me fixamente, com absoluta perplexidade.
— Por causa de Frank — eu disse. Soltei sua manga e recuei um passo.
— Frank — ele repetiu, sacudindo a cabeça ligeiramente como se quisesse clarear os ouvidos de um zumbido. — Frank.
— Sim — eu disse. — Se matar Jack Randall agora, então Frank... ele não existirá. Ele não nascerá. Jamie, não pode matar um homem inocente!
Seu rosto, normalmente de um bronze claro e avermelhado, desbotara para um branco manchado enquanto eu falava. Em seguida, o vermelho começou a elevar-se outra vez, queimando as pontas das orelhas e incendiando suas faces.
— Um homem inocente?
— Frank é um homem inocente! Não me importo com Jack Randall...
— Bem, eu me importo! — Agarrou a bolsa e caminhou a passos largos e pesados em direção à porta, o manto ondeando-se sobre seu braço. — Por Deus, Claire! Você tentaria me impedir de realizar minha vingança contra o homem que me fez de prostituta para ele? Que me forçou a ficar de joelhos e me obrigou a chupar seu pênis, sujo do meu próprio sangue? Meu Deus, Claire! — Escancarou a porta com um safanão e já estava no corredor quando eu o alcancei.
Já escurecera, mas os criados haviam acendido as velas e o corredor resplandecia com uma luz cálida e suave. Segurei-o pelo braço e puxei-o.
—Jamie! Por favor!
Ele sacudiu o braço impacientemente, livrando-se de mim. Eu estava quase chorando, mas contive as lágrimas. Peguei a bolsa de viagem e arranquei-a de sua mão.
— Por favor, Jamie! Espere só um ano! O filho de Randall será concebido em dezembro. Depois disso, não tem mais importância. Mas, por favor, por mim, Jamie, espere até lá!
Os candelabros sobre a mesa debruada de dourado lançavam sua sombra, enorme e bruxuleante, contra a parede mais distante. Ele olhou fixamente para ela, os punhos cerrados, como se estivesse se defrontando com um gigante, impassível e ameaçador, que se erguia acima dele.
— Sim — murmurou, como se falasse consigo mesmo —, sou um grande sujeito. Grande e forte. Posso agüentar muita coisa. Sim, eu posso
— Eu posso agüentar muita coisa! Mas só porque eu posso, significa que devo? Eu tenho que suportar as fraquezas de todo mundo? Não posso ter as minhas próprias?
Começou a andar de um lado para o outro no corredor, a sombra Seguindo-o num silencioso frenesi.
Você não pode pedir isso a mim! Você, você, entre todas as pessoas! Você, que sabe o que... o que... — Engasgou-se, ficou sem fala de raiva.
Esmurrava a parede de pedra da passagem repetidamente enquanto andava, golpeando a lateral do punho cerrado cruelmente na parede de calcário. A pedra absorvia cada pancada com uma violência silenciosa.
Voltou e parou à minha frente, respirando pesadamente. Fiquei parada, imóvel, com medo de me mexer ou de falar. Ele balançou a cabeça uma ou duas vezes, rapidamente, como se estivesse tomando uma decisão, depois sacou a adaga da bainha com um zunido e segurou-a diante do meu nariz. Com visível esforço, falou calmamente:
— Você pode escolher, Claire. Ou ele ou eu. — As chamas das velas dançavam no metal polido enquanto ele girava a lâmina lentamente. — Não posso viver enquanto ele estiver vivo. Se não quer que eu o mate, então me mate você mesma, agora! — Agarrou minha mão e forçou meus dedos em volta do cabo da adaga. Rasgando o jabô de renda, deixou a garganta à mostra e puxou minha mão violentamente para cima, os dedos em volta dos meus, segurando-os com firmeza.
Puxei meu braço para trás com todas as minhas forças, mas ele forçou a ponta da lâmina contra a cavidade macia, acima da clavícula, logo abaixo da cicatriz lívida que a própria faca de Randall deixara ali anos antes.
— Jamie! Pare com isso! Pare agora mesmo! — Desci a outra mão violentamente sobre seu pulso, fazendo sua mão afrouxar o suficiente para eu livrar meus dedos com um puxão. A adaga bateu ruidosamente no chão, saltando das pedras até uma silenciosa aterrissagem na extremidade de um tapete Aubusson. Com aquela clareza de visão para pequenos detalhes que aflige os mais terríveis momentos da vida, vi que a lâmina jazia perfeitamente atravessada sobre a haste curvilínea de um cacho de gordas uvas verdes, como se estivesse prestes a cortá-la, soltando as uvas da trama e as fazendo rolar aos nossos pés.
Ele ficou paralisado diante de mim, o rosto lívido como o marfim, os olhos chamejando. Agarrei seu braço, rígido como madeira sob meus dedos.
— Por favor, acredite-me, por favor. Eu não faria isso se houvesse qualquer outro modo. — Inspirei, uma respiração profunda e trêmula, para acalmar a pulsação desenfreada sob minhas costelas.
— Você me deve sua vida, Jamie. Não uma, mas duas vezes. Salvei-o de ser enforcado em Wentworth e quando teve febre na abadia. Você me deve
Fitou-me por um longo instante antes de responder. Quando o fez sua voz estava calma outra vez, com um tom de amargura.
— Compreendo. E você vai cobrar o pagamento dessa dívida agora? -Seus olhos ardiam com o azul profundo e claro que queima no núcleo de uma chama.
— Eu tenho que fazer isso! Não consigo chamá-lo à razão de nenhuma outra forma!
— Razão. Ah, razão. Não, não posso dizer que razão seja algo que eu consiga ver no momento. — Entrelaçou as mãos atrás das costas, segurando os dedos rígidos da mão direita com os dedos curvados da mão esquerda. Afastou-se lentamente de mim, pelo corredor interminável, a cabeça baixa.
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 

Passava da meia-noite quando finalmente fui para nosso quarto de dormir. Jamie estava lá, sentado diante de uma mesinha, aparentemente observando um par de insetos de asas transparentes adejando perigosamente em volta da única vela que iluminava o quarto. Deixei minha capa cair no chão e caminhei para ele.
— Não me toque — ele disse. — Vá para a cama. — Falou quase distraidamente, mas eu parei onde estava.
— Mas sua mão... — comecei a dizer.
— Não tem importância. Vá para a cama — ele repetiu.
Os nós dos dedos de sua mão direita estavam manchados e o punho de sua camisa estava duro de sangue seco, mas eu não ousaria tocá-lo agora, ainda que tivesse uma faca enterrada na barriga. Deixei-o fitando a dança da morte dos insetos e fui para a cama.
Acordei quase ao alvorecer, com a primeira luz do dia esboçando os contornos dos móveis no quarto. Pelas portas duplas que davam para a ante-sala, pude ver Jamie como eu o deixara, ainda sentado à mesa. A vela já se extinguira, os insetos haviam desaparecido e ele permanecia sentado com a cabeça nas mãos, os dedos enfiados nos cabelos grosseiramente cortados. A luz roubava todas as cores do aposento, até mesmo os cabelos curtos espetados para cima como pequenas chamas entre seus dedos estavam apagados, com a cor de cinzas.
Saí da cama silenciosamente, fria na fina camisola bordada. Ele não se virou quando me aproximei por trás, mas ele sabia que eu estava lá. Quando toquei em sua mão, ele deixou-a deslizar para a mesa e deixou a cabeça cair para trás, até recostar-se logo abaixo dos meus seios. Suspirou profundamente quando comecei a friccioná-la, e senti a tensão começar a abandoná-lo. Minhas mãos continuaram a trabalhar pelo pescoço e pelos ombros, sentindo o frio de seus músculos sob o linho fino. Finalmente, dei a volta e fiquei diante dele. Ele estendeu os braços e envolveu-me pela cintura, puxando-me para ele e enterrando a cabeça em minha camisola, logo acima do volume de nosso filho por nascer.
— Estou com frio — eu disse finalmente, num sussurro. — Quer vir me aquecer?
Após um instante, ele assentiu, e colocou-se de pé, cambaleando cegamente. Conduzi-o para a cama, tirei suas roupas enquanto ele permanecia sentado sem oferecer resistência e aconcheguei-o sob as cobertas. Deitei-me na curva de seu braço, meu corpo bem junto ao seu, até o frio de sua pele desaparecer e ficarmos confortavelmente instalados num bolsão de suave calor.
Experimentalmente, coloquei a mão em seu peito, acariciando-o de um lado para o outro, até que seu mamilo enrijeceu-se, um minúsculo nódulo de desejo. Ele colocou a mão sobre a minha, fazendo-a parar. Tive medo de que fosse me afastar, e ele o fez, mas somente para que pudesse virar-se para mim.
A luz estava ficando mais forte e ele passou um longo tempo apenas fitando meu rosto, acariciando-o da fronte ao queixo, correndo o polegar pela linha de minha garganta e ao longo da clavícula.
— Meu Deus, eu realmente a amo — ele murmurou, como se falasse consigo mesmo. Beijou-me, impedindo-me de corresponder, e acariciando um dos meus seios com a mão direita aleijada, preparou-se para possuir-me.
<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<,
Com a cabeça inclinada sobre meus dedos envoltos em seda verde, Jamie observou descontraído:
— Não era realmente uma dívida, sabe?
— O que não era? — Entorpecida pelo calor do sol e pela massagem nos pés, não fazia a menor idéia do que ele estava falando.
Sem parar de massagear, ergueu os olhos para mim. Sua expressão era séria, embora o vestígio de um sorriso iluminasse seus olhos.
— Você disse que eu lhe devia uma vida, Sassenach, porque você salvara a minha. — Segurou um dedão e sacudiu-o. — Mas eu estive pensando e não tenho certeza que isso seja verdade. Parece-me que estamos quites, se considerarmos tudo.
— O que quer dizer com estarmos qítes? — Tentei libertar meu pé, mas ele segurou-o com firmeza.
— Se você salvou minha vida, e realmente salvou, eu também salvei a sua e no mesmo número de ocasiões. Eu a salvei de Jack Randall em Fort William, você se lembra, e eu a arranquei da multidão enfurecida em Cranesmuir, não foi?
— Sim — respondi cautelosamente. Não fazia a menor idéia de onde ele queria chegar, mas ele não estava apenas mantendo uma conversa. — Sou grata por isso, é claro.
Ele emitiu um pequeno som escocês, no fundo da garganta, dispensando o agradecimento.
— Não é uma questão de gratidão, Sassenach, da sua parte ou da minha. O que estou dizendo é apenas que também não é uma questão de obrigação. — O sorriso desaparecera de seus olhos e ele estava completamente sério.
— Eu não lhe dei a vida de Randall em troca da minha, não seria uma troca justa, para começar. Feche a boca, Sassenach — disse, de modo prático — ou vai engolir uma mosca. — Havia, de fato, vários insetos presentes; três estavam pousados na frente da camisa de Fergus, sem se perturbarem com o constante sobe e desce.
— Por que concordou, então? — Parei de lutar e ele envolveu meus pés com as duas mãos, esfregando os polegares lentamente sobre as curvas dos meus calcanhares.
— Bem, não foi por nenhuma das razões que você tentava me fazer ver. Quanto a Frank — ele disse —, bem, é verdade que eu tomei sua mulher e sinto pena dele por isso, às vezes mais do que em outras — acrescentou, com um trejeito insolente de uma das sobrancelhas. — No entanto, seria diferente se ele fosse meu rival aqui? Você teve livre escolha entre nós dois e escolheu a mim, apesar de luxos como banhos quentes ter pesado a favor dele. Uuuf! — Liberei um dos pés com um safanão e enfiei-o em suas costelas. Ele endireitou-se e agarrou-o, a tempo de me impedir de repetir o golpe.
— Está arrependida da escolha?
— Ainda não — eu disse, lutando para recuperar meu pé. — Mas posso me arrepender a qualquer momento. Continue falando.
— Muito bem, então. Eu não podia entender por que o fato de você ter me escolhido dava a Frank Randall o direito de uma consideração especial. Além do mais — disse francamente -, devo admitir que fiquei com um pouco de ciúme do sujeito.
Chutei-o com meu outro pé, mirando mais embaixo. Ele segurou este pé antes que atingisse o alvo, torcendo habilmente meu tornozelo.
— Quanto a dever-lhe sua vida, em princípios gerais — continuou, ignorando minhas tentativas de escapar -, esse é um argumento que o irmão Anselmo na abadia poderia responder melhor do que eu. Certamente, eu não mataria um homem inocente a sangue-frio. Mas eu já matei homens numa batalha, e isso seria diferente?
Lembrei-me do soldado e do garoto na neve que eu matara em nossa fuga de Wentworth. Eu já não me atormentava com essas lembranças, mas sabia que elas jamais me deixariam.
Ele sacudiu a cabeça.
— Não, você pode levantar muitos argumentos bons sobre isso, mas no final das contas, tais escolhas resumem-se a uma só: você mata quando tem que matar e você vive com isso depois. Lembro-me do rosto de todos os homens que matei e sempre me lembrarei. Mas o fato permanece, eu estou vivo e eles não, e essa é a minha única justificativa, quer seja certa ou errada.
— Mas isso não é verdade neste caso — ressaltei. — É um caso de matar ou ser morto.
Ele sacudiu a cabeça, desalojando uma mosca que se assentara em seu cabelo.
— Nisso você está errada, Sassenach. O que existe entre Jack Randall e mim só será resolvido quando um de nós morrer, e talvez nem mesmo assim. Há outras maneiras de matar sem ser com uma faca ou uma arma de fogo e há coisas piores do que a morte física. — Seu tom de voz abrandou-se. — Em Ste. Anne, você me arrancou de mais de uma forma de morte, mo duinne, e nunca pense que eu não sei disso. — Sacudiu a cabeça. — Talvez, afinal de contas, eu lhe deva mais do que você me deve.
Soltou meus pés e reposicionou suas longas pernas.
— E isso me leva a considerar sua consciência, bem como a minha. Afinal, você não fazia a menor idéia do que iria acontecer quando fez sua escolha e uma coisa é abandonar um homem e outra é condená-lo à morte.
Eu não estava gostando nem um pouco daquela maneira de descrever minhas ações, mas não podia me esquivar dos fatos. Eu havia, de fato, abandonado Frank e embora pudesse não me arrepender da escolha que fizera, ainda assim eu lamentava e sempre lamentaria a necessidade de fazê-lo. As palavras seguintes de Jamie ecoaram meus pensamentos de forma assustadora.
Ele continuou:
— Se você soubesse que isso poderia significar, digamos, a morte de Frank, talvez tivesse feito uma escolha diferente. Considerando-se que você realmente me escolheu, eu tenho o direito de tornar os seus atos ainda mais conseqüentes do que você imaginara?
Absorto nessa argumentação, não se dera conta do seu efeito sobre mim. Vendo a expressão do meu rosto agora, parou repentinamente, observando-me em silêncio, enquanto seguíamos aos solavancos pela paisagem rural.
— Não vejo como possa ser um pecado para você ter feito o que fez, Claire — ele disse, finalmente, estendendo o braço para repousar a mão sobre meu pé revestido de seda verde. — Sou seu marido por lei, tanto quanto ele era... ou será. Você nem sabe se poderia ter voltado para ele; mo duinne, você podia ter ido ainda mais para trás no tempo, ou ido mais para a frente, para uma época inteiramente diferente. Você agiu como achou que devia e ninguém pode fazer melhor do que isso. — Ergueu os olhos e a expressão de seu olhar penetrou em minha alma.
— Sou suficientemente honesto para dizer que não me importo com o que possa ser certo ou errado, desde que você esteja aqui comigo, Claire. — Ele disse, com ternura. — Se foi um pecado para você ter me escolhido... então vou ao próprio diabo, agradecer por ter tentado você. — Ergueu meu pé e beijou delicadamente a ponta do dedão.
Coloquei a mão em sua cabeça; os cabelos curtos espetavam, mas eram macios, como os espinhos de um ouriço muito novo.
— Não acho que tenha sido errado — eu disse ternamente. — Mas se foi... então irei ao diabo com você, Jamie Fraser.
Ele fechou os olhos e abaixou a cabeça sobre meus pés. Segurou-os com tanta força que eu podia sentir os longos e delgados metatarsos pressionados uns contra os outros; mesmo assim, não retirei os pés. Enfiei os dedos em seus cabelos e puxei-os delicadamente.
— Então, por que, Jamie? Por que resolveu deixar Jack Randall viver? Ele ainda segurava meu pé, mas abriu os olhos e sorriu para mim.
— Bem, pensei em muitas coisas, Sassenach, enquanto andava de um lado para o outro naquela noite. Primeiro, achei que você iria sofrer, se eu realmente matasse o canalha. Eu faria, ou não faria, muitas coisas para poupá-la de sofrimentos,
Sassenach, mas até onde contrabalançar sua consciência com minha honra?
— Não. — Sacudiu a cabeça outra vez, descartando mais um argumento. — Cada um de nós pode ser responsável por seus próprios atos e sua própria consciência. O que quer que eu faça não pode ser tributado a você, independentemente de quais sejam as conseqüências. — Pestanejou os olhos lacrimejando com o vento carregado de poeira, e passou a mão pelos cabelos numa tentativa vã de alisar as pontas desgrenhadas. Cortados curtos, eles formavam um tufo de pontas espetadas no alto da cabeça, parecendo um leque rebelde.
— Por que, então? — perguntei, inclinando-me para a frente. — Você me disse só as mãos, o que resta?
Ele hesitou por um instante, mas em seguida olhou-me direto nos olhos.
— Por causa de Carlos Stuart, Sassenach. Até agora, conseguimos impedir todas as grandes somas de dinheiro, mas com esse investimento... bem, ele ainda pode conseguir liderar um exército na Escócia. E se isso acontecer... bem, você sabe melhor do que eu o que pode vir a acontecer, Sassenach.
Eu sabia, e o pensamento enregelou-me. Não pude deixar de recordar a descrição de um historiador sobre o destino dos habitantes das Highlands em Culloden — ―os mortos jaziam Uns sobre os outros, encharcados da chuva e do seu próprio sangue.
Os escoceses, mal administrados e famintos, mas ferozes até o fim, seriam destruídos em uma meia hora decisiva. Foram amontoados uns sobre os outros e abandonados, sangrando numa fria chuva de abril, a causa que haviam alimentado por cem anos morta junto com eles.
Jamie estendeu o braço e segurou minhas mãos.
— Acho que não vai acontecer, Claire; penso que conseguiremos impedi-lo. E se não conseguirmos, ainda assim não acredito que alguma coisa venha a me acontecer. Mas se acontecer... — Parecia extremamente ansioso agora, falando em voz baixa e ardente. — Se acontecer, quero que haja um lugar para você; quero que haja alguém para quem você possa ir se eu... não estiver mais lá para cuidar de você. Se não puder ser eu, então quero que seja um homem que a ame. — Apertou meus dedos com mais força; eu podia sentir as duas alianças penetrando em minha carne e sentir a ansiedade em suas mãos.
— Claire, você sabe o que me custa fazer isso por você: poupar a vida de Randall. Prometa-me que, se o momento chegar, você voltará para Frank. — Seus olhos inspecionaram meu rosto, azul-escuros como o céu na janela às suas costas. —Já tentei mandá-la de volta duas vezes antes. E agradeço a Deus por você não ter ido. Mas, se houver uma terceira vez, prometa-me que voltará para ele, para Frank. Porque é por isso que poupei a vida de Jack Randall por um ano, por você. Prometa-me, Claire.
— Está bem — eu disse finalmente. — Eu prometo.


(―Jamie Alexander Malcolm MacKenzie Fraser, de Broch Tuarach.‖)



(Quando acordei de manhã, havia um aroma caloroso, pouco conhecido, ao meu lado, e algo enrolado em meus cabelos. Abri os olhos e deparei-me com os lábios róseos de Katherine Mary estalando sonhadoramente a cinco centímetros do meu nariz, os dedos gorduchos agarrados aos cabelos acima de minha orelha esquerda. Desvencilhei-me cautelosamente e ela remexeu-se, mas recaiu pesadamente de bruços, puxou os joelhos para cima e voltou a dormir.
Jamie estava deitado do outro lado da criança, o rosto semi-enterrado no travesseiro. Ele abriu um dos olhos, azul-claro como o céu da manhã.
— Bom-dia, Sassenach — ele disse, falando baixinho para não perturbar a pequena dorminhoca. Sorriu para mim, enquanto eu me sentava na cama. — Vocês duas formavam um lindo quadro, adormecidas assim, uma de frente para a outra.
Passei a mão pelos meus cabelos emaranhados e sorri também diante do traseiro levantado de Kitty, absurdamente empinado no ar.)

(— Seu escocês filho-da-mãe — eu disse, sem muito ardor. Seu peito arfou com um profundo e exasperado suspiro.
— Sassenach, fui esfaqueado, mordido, esbofeteado e chicoteado desde o jantar... que não cheguei a terminar. Não gosto de amedrontar crianças e não gosto de açoitar homens, e tive que fazer as duas coisas. Tenho duzentos ingleses acampados a cinco quilômetros daqui e nenhuma idéia do que fazer a respeito. Estou cansado, com fome e dolorido. Se você tiver qualquer resquício de compaixão feminina, eu gostaria de receber um pouco!
Falou de um modo tão ressentido que eu ri, a despeito de mim mesma. Levantei-me e caminhei para ele.
— Acho que você merece. Venha cá e eu verei se consigo encontrar um pouquinho para você. — Ele havia vestido a camisa novamente, solta nos ombros, sem se preocupar em fechá-la. Deslizei as mãos sob a camisa, sobre a pele quente e sensível de suas costas. — Não cortou a pele — eu disse, tateando delicadamente para cima.
— Uma correia não corta a pele; só arde.)
<<<<<<<<<<<<<<<<,
(Sacudi a cabeça.
—Jamais vou entender os homens — murmurei, passando ungüento de cravo-da-índia sobre o arranhão.
Ele estendeu as mãos para trás e trouxe as minhas para baixo do seu queixo.
— Você não precisa me entender, Sassenach — disse serenamente. -Desde que me ame. — Inclinou a cabeça para frente e beijou com ternura as minhas mãos
unidas.
— E me alimente — ele acrescentou, soltando-as.
— Ah, compaixão feminina, amor e comida? — eu disse, rindo. — Está querendo muito, não acha?)



(— Dei minha palavra a seu herói de que eu não a molestaria com as minhas abomináveis investidas. Suponho que isso signifique que, a menos que você me convide para compartilhar sua cama, vou ter que ir dormir com Murtagh ou Kincaid. E com os roncos de Murtagh.
— É verdade — eu disse.
Fitei-o por um instante, depois dei de ombros, deixando metade do meu vestido arruinado deslizar.
— Bem, você já fez uma boa investida para me violentar. — Deixei o outro lado do vestido escorregar do ombro e o tecido rasgado caiu livremente em torno de minha cintura. — Pode muito bem vir terminar o serviço adequadamente.
O calor de seus braços era como seda aquecida, deslizando pela minha pele fria.
— Ah, bem — ele murmurou nos meus cabelos -, guerra é guerra, não é?)
(— A culpa é minha — eu disse baixinho. Toquei seu rosto, as sobrancelhas espessas, a boca larga e os pêlos curtos da barba ao longo do maxilar longo e perfeito. — Minha. Se eu não tivesse vindo... e lhe contado o que iria acontecer...
>>>>> 
— Sim, bem — ele disse. — Eu não me lembro de Adão pedindo a Deus para levar Eva de volta... e veja o que ela fez a ele. — Inclinou-se para frente e beijou-me na testa enquanto eu ria, depois puxou o cobertor para cobrir meus ombros nus. — Durma, minha costelinha. Vou precisar de uma companheira pela manhã.)





Virando-se para ir embora, ele estendeu a mão para pegar a garrafa de água pendurada no gancho da porta.
— Esta aí não! — eu disse.
— Por que não? — ele perguntou, espantado. Sacudiu o frasco de boca larga, produzindo um leve som de líquido. — Está cheia.
— Eu sei que está — eu disse. — É a que estou usando como urinol.
— Ah. — Segurando a garrafa com dois dedos, estendeu a mão para pendurá-la de volta no lugar, mas eu o interrompi.
— Não, vá em frente e leve-a — sugeri. — Pode esvaziá-la lá fora e encher esta aqui no poço. — Entreguei-lhe outra garrafa cinza, de barro vidrado, idêntica à primeira.
— Tome cuidado para não misturá-las — eu disse prestativamente.
— Mmuhm — ele retrucou, lançando-me um olhar escocês para acompanhar o ruído, e depois se virou para a porta.
— Ei! — exclamei, vendo-o claramente de costas. — O que é isso?
— O quê? — perguntou, surpreso, tentando ver por cima do ombro.
— Isso! — Meus dedos traçaram a forma enlameada que eu vira acima do xale caído, impressa no linho sujo de sua camisa com a precisão de um es-têncil. — Parece uma ferradura de cavalo — eu disse, mal podendo acreditar.
— Ah, isso — ele disse, dando de ombros.
— Um cavalo pisou em você?
— Bem, não foi de propósito — ele disse, em defesa do cavalo. — Os cavalos não gostam de pisar em pessoas; acho que sentem a superfície mole demais.
— Imagino que sim — concordei, segurando-o pela manga da camisa para impedi-lo de escapar. — Fique imóvel. Como isso foi acontecer?
— Não é nada — ele protestou. — Não sinto as costelas quebradas, apenas um pouquinho machucadas.
— Ah, só um pouquinho — concordei sarcasticamente. Consegui afastar o tecido manchado de suas costas e pude ver a marca nítida e perfeita de uma ferradura, gravada na sua pele clara, logo acima da cintura. — Meu Deus, pode-se ver os cravos da ferradura. — Ele recuou involuntariamente quando passei o dedo sobre as marcas.
Acontecera durante um dos rápidos ataques dos dragões montados, ele explicou. Seus homens, a maioria acostumada apenas aos pôneis pequenos e peludos das Highlands, estavam convencidos de que os animais da cavalaria inglesa tinham sido treinados para atacá-los com coices e dentadas. Apavorados com a investida dos cavalos, mergulharam sob os cascos, talhando furiosamente pernas e barrigas com espadas, foices e machados.
— E você acha que não são?
— Claro que não, Sassenach — ele disse com impaciência. — Ele não estava tentando me atacar. O cavaleiro queria fugir, mas estava cercado dos dois lados. Ele não tinha para onde ir senão por cima de mim.
Vendo essa conclusão evidenciar-se nos olhos do cavaleiro, uma fração de segundo antes de o soldado aplicar as esporas nas laterais de sua montaria, Jamie lançou-se estendido no chão, de barriga para baixo, os braços protegendo a cabeça.
— No instante seguinte, senti o ar ser expulso dos meus pulmões — ele explicou. — Senti todo o impacto do golpe, mas não doeu. Não na hora. — Estendeu o braço para trás e esfregou a mão distraidamente sobre a marca, com um ligeiro sorriso.

— Certo — eu disse, soltando a ponta da camisa. — Já urinou depois disso?

Olhou-me espantado como se eu tivesse enlouquecido de repente.
— Você levou uma pisada de quatrocentos quilos nos rins — expliquei, com certa impaciência. Havia homens feridos esperando. — Quero saber se há sangue em sua urina.
— Ah — ele disse, a expressão do rosto se desanuviando. — Não sei.
— Bem, vamos descobrir, certo? — Eu colocara minha caixa de remédios grande fora do caminho, em um dos cantos; vasculhei seu interior e retirei um dos pequenos recipientes de vidro para exame de urina que eu adquirira no Hôpital des Anges.
Encha-o e devolva-o para mim. — Entreguei-lhe o recipiente e virei-me para a lareira, onde um caldeirão em ebulição, cheio de panos de linho, aguardava minha atenção.
Olhei para trás e o vi ainda examinando o frasco com uma expressão ligeiramente intrigada.
— Precisa de ajuda, rapaz? — Um enorme soldado inglês olhava para cima de
seu catre no assoalho, rindo para Jamie.
Um lampejo de dentes brancos surgiu na sujeira do rosto de Jamie.
— Ah, sim — disse. Inclinou-se para baixo, oferecendo o frasco para o inglês. — Tome, segure-o para mim enquanto eu tento acertar o alvo.
Uma onda de risadas percorreu os homens ao redor, distraindo-os por um momento de seu infortúnio.)


Aqui foi tão engraçado que eu não me contive, estou gente depois de ter pego somente este trecho eu estou a procura do resto agora para por pra vocês como acabou, mas Sua Excelência vai entrar neste momento, eu estaria no lugar dele constrangida, porém é o século 17

(Uma onda de risadas percorreu os homens ao redor, distraindo-os por um momento de seu infortúnio.
Após um instante de hesitação, a mão grande do inglês cerrou-se em volta do frágil recipiente. O homem recebera uma dose de estilhaços no quadril e sua mão não estava nem um pouco firme, mas ele sorria ainda assim, apesar das gotículas de suor que umedeciam seu lábio superior.
— Aposto seis pence que não consegue — ele disse. Moveu o frasco, posicionando-o no chão a cerca de um metro dos pés descalços de Jamie. — De onde você está agora.
Jamie olhou para baixo pensativo, esfregando o queixo com uma das mãos enquanto media a distância. O homem em cujo braço eu fazia curativo parou de gemer, absorto no desenrolar do drama.
— Bem, não digo que vai ser fácil — Jamie observou, carregando propositadamente no sotaque escocês. — Mas por seis pence? Sim, bem, é uma quantia que vale o esforço, não? — Seus olhos, sempre levemente rasgados, transformaram-se em olhos de gato com seu largo sorriso.
— Dinheiro fácil, rapaz — disse o inglês, respirando com dificuldade, mas ainda assim rindo. — Para mim.
— Duas moedas de prata no garoto — gritou um dos homens do clã MacDonald do canto da chaminé.
Um soldado inglês, o casaco virado do avesso para identificar sua condição de prisioneiro, tateou pelas abas do casaco, à procura da abertura de seu bolso.
— Ah! Uma bolsa de erva contra! — gritou, brandindo triunfalmente uma pequena sacola de pano cheia de tabaco.
Apostas gritadas e comentários grosseiros começaram a cruzar o ar quando Jamie agachou-se e fez uma grande encenação, calculando a distancia até o frasco.
— Está bem — ele disse finalmente, levantando-se e empinando os ombros para trás. — Está pronto?
O inglês no chão sacudiu-se numa risadinha.
— Eu estou pronto, rapaz.
— Muito bem, então.
Um silêncio de expectativa recaiu sobre o aposento. Os homens se erguiam num dos cotovelos para observar a cena, ignorando, em sua curiosidade, tanto o desconforto quanto a inimizade.
Jamie olhou ao redor da sala, balançou a cabeça para seus homens de Lallybroch, em seguida, lentamente, ergueu a barra de seu kilt e enfiou a mão por baixo. Franziu o cenho em concentração, tateando aleatoriamente, depois deixou uma
expressão de dúvida atravessar seu semblante.
— Ele estava aqui quando saí — ele disse, provocando uma estrondosa gargalhada dos homens.
Rindo com o sucesso de sua piada, levantou ainda mais o kilt, agarrou sua arma claramente visível e mirou cuidadosamente. Estreitou os olhos, curvou um pouco os joelhos e seus dedos fecharam-se com mais força.
Nada aconteceu.
— A arma falhou! — gritou um dos ingleses.
— A pólvora dele está molhada! — exclamou outro, com uma vaia.
— Não tem bala na pistola, rapaz? — caçoou seu cúmplice no chão. Jamie olhou atentamente, com ar de dúvida, para seu equipamento, provocando uma nova explosão de urros e vaias. Em seguida, seu rosto desanuviou-se.
— Ah! Meu compartimento está vazio, só isso! — Disfarçadamente estendeu o braço para a fileira de garrafas penduradas na parede, arqueou uma das sobrancelhas para mim e, quando confirmei com um sinal de cabeça, retirou uma delas e posicionou-a sobre a boca aberta. A água espir-rou pelo seu queixo e pela frente da camisa, enquanto seu pomo-de-adão subia e descia teatralmente conforme bebia.
— Ahhhh. — Abaixou a garrafa, limpou um pouco da sujeira do rosto com a manga da camisa e fez uma reverência para a platéia.
— Agora, sim — disse, levando a mão para baixo. Mas ele viu meu rosto e parou pelo meio. Ele não podia ver a porta aberta às suas costas nem o homem que estava ali de pé, mas o silêncio repentino que tomou conta do aposento deve ter lhe dito que todas as apostas estavam canceladas.
Sua Alteza o príncipe Carlos Eduardo abaixou a cabeça para passar sob a verga da porta e entrar na cabana. Em visita aos feridos, estava vestido à altura da ocasião: calças amarradas nos joelhos, em veludo cor de ameixa, com meias de seda da mesma cor para combinar; camisa de linho branco imaculado e — certamente para demonstrar solidariedade com as tropas -casaco e colete no tartã dos Cameron, com um xadrez complementar drapeado sobre um dos ombros, preso com um broche de quartzo escocês. Seus cabelos tinham acabado de ser empoados e a Ordem de Santo André reluzia em seu peito.
Ficou parado no vão da porta, nobremente inspirando todos à vista e notoriamente bloqueando a entrada dos que vinham atrás. Olhou lentamente ao redor, assimilando os vinte e cinco homens amontoados no assoalho, os ajudantes agachados sobre eles, o monte de ataduras ensangüentadas atiradas num dos cantos, a diversidade de remédios e instrumentos espalhados sobre a mesa, e eu, de pé atrás dela.
Sua Alteza, de um modo geral, não gostava muito de mulheres no exército, mas jamais esquecia as regras de cortesia. Eu era uma mulher, apesar das manchas de sangue e vômito que marcavam minha saia e o fato de que meus cabelos projetavam-se da touca em meia dúzia de direções diferentes.
— Madame Fraser — ele disse, cumprimentando-me com uma graciosa
reverência.
— Alteza. — Inclinei a cabeça em resposta à cortesia, torcendo para que ele não se demorasse muito.
— Seu trabalho em nosso benefício é muito apreciado, madame — ele disse, seu leve sotaque italiano mais forte do que o normal.
— Ah, obrigada — eu disse. — Cuidado com o sangue. Está escorregadio aí. A boca delicada comprimiu-se ligeiramente quando ele contornou a poça que eu indicara. Com a porta livre, Sheridan, O'Sullivan e lorde Balmerino entraram, aumentando o congestionamento na cabana. Agora que as exigências da educação haviam sido cumpridas, Carlos agachou-se com todo o cuidado entre dois catres e colocou a mão gentilmente no ombro de um dos homens.)



 E em momentos assim que podemos ter certeza do amor dos dois, da capacidade de superação, revigorante. 


(Ele agarrou meus quadris, as mãos grandes e quentes em minha pele, e puxou-me para ele. O estremecimento que me percorreu, também percorreu seu corpo, como se compartilhássemos a mesma carne.
Acordei durante a noite, ainda em seus braços, e percebi que ele estava acordado.
— Volte a dormir, mo duinne. — Sua voz era branda, baixa e reconfortante, mas com um travo que me fez estender a mão para sentir as lágrimas em seu rosto.
— O que foi, meu amor? — sussurrei. — Jamie, eu o amo muito.
— Eu sei — ele disse serenamente. — Eu realmente sei, querida. Deixe que eu lhe diga em seu sono o quanto eu a amo. Porque as palavras que lhe digo quando está acordada são sempre as mesmas, não são suficientes. Enquanto você dormir em meus braços, posso dizer-lhe coisas que soariam tolas e loucas, e seus sonhos entenderão a verdade delas. Volte a dormir, mo duinne.
Virei a cabeça, o suficiente para que meus lábios roçassem a base de sua garganta, onde seus batimentos cardíacos pulsavam devagar sob a pequena cicatriz triangular. Depois, repousei a cabeça sobre seu peito e entreguei meus sonhos em suas mãos.)


A história da Escócia. Mas a diante eu gostaria de mostrar para vcs como a Escócia é maravilhosa, história é maravilhosa, mas ver isso é muito interessante. Eu me apaixonei....
;)
bjinhus

No comments:

Post a Comment

Boa ou ruim deixem seu comentário!