Nosso livro hoje é Luxúria de Eve Berlim
Oi, boa noite meus amores aqui teremos mais um livro. Parece
que entramos na semana dos livros para mulheres, livros eróticos. Bem nosso próximo livro, o que vocês podem me
enviar e-mail pedindo eles, sem custo algum, ou com a forte de prestigiar
nossos autores, porque é deles o maior prestígio por criar fabulosos, escritos
onde nós deliciamos lendo e imaginando, muitas e muitos de vocês já se viram em
um desses personagens Concerteza, isso é prova de que o mundo é cheio de
fantasias, mas que nenhuma é cem por cento igual, a todo mundo. Esse livro eu achei
ele um pouco repetitivo- creio que de tanta falta de conteúdo, em si- porém é
um livro e como tal merece reconhecimento com comentários e trechos onde neste
podemos ver uma escritora que tem uma brilhante ideia de falar sobre submissão.
Porém ela nada sabe sobre, e procura meios e dentre esses ela se relaciona com
o mestre na dominação sexual. O nosso bem aventurado Alec Walker. E
nossa aventura começa aqui quando Dylan Ivory vai entrevista-lo para a sua
próxima obra.
“– E você escreve ficção de horror, Jennifer me contou.
Ela mencionou o fato de que, por ser um autor... dominante..., talvez seja útil
para mim nas pesquisas que faço para meu livro.
Ele
balançou a cabeça.
–
Sim, acho que sim. Você parece se sentir desconfortável com o termo
“dominante”.
– É
mesmo. Talvez seja verdade. Embora seja uma autora dedicada ao gênero erótico,
este não é o tipo de conversa que eu costumo ter.
–
Tudo bem”
(...) Então se prossegue.
“– Na verdade,
escrevo thrillers psicológicos –, Alec continuou. – Será que já leu algum deles?
– Não. Sinto muito.
– Talvez devesse.
Dylan estava ficando irritada. A linha entre a
autoconfiança e a arrogância estava se desfazendo.
– Quem sabe você deva ler algo de minha obra.
– Já fiz isso. Assim que Jennifer me falou a
seu respeito, li seu último livro.
– E? – ela o desafiou.
– Acho que você é uma ótima escritora.
Inteligente. Instigante. Desenvolve muito bem os personagens.
O aspecto romântico não tira o brilho da
história, como acontece com muitos outros autores. E você sabe
como abordar o tema sexo de uma forma bem
realista. Com uma crueza admirável.
– Oh! –
Não era o que ela esperava que ele dissesse. Ficou momentaneamente perturbada.
De novo. – Obrigada.
– Então, fale-me sobre este último projeto.
Por que razão você precisava falar comigo?
(...)
“-Estou escrevendo sobre um casal que explora
o sadomasoquismo. A mudança de poder, alguma submissão... temas sobre os quais
já escrevi antes. Mas dessa vez gostaria de me aprofundar mais. Possivelmente
explorar o papel da dor. E quero que tenha alguma autenticidade. Não vou fazer
isso de qualquer jeito. Sabia que teria de começar por uma boa pesquisa,
conversando com pessoas que vivenciaram essas coisas. Recentemente, encontrei
Jennifer em uma comunidade virtual de sadomasoquismo que existe aqui,
enviei-lhe um e-mail e perguntei se poderíamos conversar. Entreviste-ia e ela foi
muito gentil e aberta comigo. Mas, como submissa, não achou que estava
qualificada para me oferecer o quadro completo. É por isso que me indicou você.
Ele assentiu, com um movimento de cabeça.
– É difícil ter uma boa ideia de como é o
ambiente de sadomasoquismo e de qual é sua dinâmica e psicologia falando só com
uma pessoa. As experiências individuais são distintas e particulares. Se ela é puramente
submissa, não pode saber muito bem como funciona uma mente dominante e detalhes
de nosso processo.
– Sim, foi essa a ideia que ela me passou. E
faz sentido.
– Você nunca escreveu sobre submissão e
sadomasoquismo?
– Não. Apenas sobre fetiches menores, um pouco
de escravidão na cama, entre as quatro paredes de um quarto, mas nada realmente
sério.
– Você acha que o tema submissão e
sadomasoquismo é sério?
– Não é?
Ele não respondeu.
– Você nunca experimentou essas coisas?
– Eu... não.
– Ah... Você gostaria de manter essa discussão
no terreno profissional. Estritamente com propósitos de pesquisa.
– Sim. Com certeza.”
(...)
“– Vou lhe dizer uma coisa, Dylan, e é a pura
verdade. Não há como retratar um estilo de vida de forma acurada se você não
entrar nele. Tem de experimentá-lo, mergulhar nele. Há muitos componentes – físicos,
psicológicos, emocionais –, e todos sobrepostos. É complexo. Por isso é que nós
que praticamos gostamos dessas coisas. A complexidade. A intensidade.”
(...)
“Ele acariciou as
costas da mão dela, deslizando os dedos pela superfície. A pele dele era
quente. A dela ficou mais ainda.
– Tem a ver com sensação. E com o que se passa
em sua cabeça. Pode ser sensual ou sexual. Ou ambos. Você não pode começar a
descrever as dinâmicas envolvidas sem ter estado lá.
Dylan ficou com a garganta seca. A ideia não
era chocante para ela. Não tanto quanto o toque dele. Pegou a xícara, bebeu um
gole de chá, limpou a garganta.
– Imagino que você esteja certo. E esse é um
tema interessante. Mas eu não sei. . .
– Pare de fingir que isso não passa de um tema
interessante, Dylan. – Ele deslizou a ponta dos dedos no interior de seu pulso,
sob a manga do suéter de cashimira. – Eu posso sentir seu pulso acelerado.
– Alec…
– Vamos lá, Dylan. Você não precisa repreender
essa vontade para mim. Faz parte do contexto da escravidão sexual e do
sadomasoquismo. Aquela honestidade fundamental que nos caracteriza.
– Eu ia dizer que você... está certo.
Será mesmo que ela havia admitido? Mas talvez
ele tivesse razão a respeito de tudo aquilo – o fato de ela ter de ser honesta com
ele para aprender alguma coisa. Teria de mergulhar profundamente, como ele disse.
Não tinha nada a ver com aquela atração ridícula que estava sentindo por ele,
não é mesmo? Dylan puxou a mão, repousando-a em segurança sobre seu colo.
– Você
e Jennifer devem conhecer alguns homens submissos. Existem alguns em quem
confiem e que possam me indicar? E eles aceitariam se relacionar com uma mulher
que não tem nenhuma experiência como dominante?
Alec riu, recostando-se na cadeira.
– Você está se referindo a ficar por cima,
dominando esses homens?
– Sim.
– Ah, Dylan. Não percebe que você é o
contrário, a base?
– O quê?
– Notei no exato momento em que a conheci.
Podia sentir lá fora, no estacionamento, mesmo antes de conversarmos.
– Não entendi.
Por que suas maçãs do rosto estavam
esquentando? Por que ela estava tão confusa? Odiava que aquele homem surtisse
tal efeito sobre ela.
– Acho que você entende o suficiente sobre
esse tema para saber exatamente do que estou falando.
Ela suspirou.
– Claro que tenho uma vaga ideia do que seja a
base. Uma pessoa submissa. Mas isso não tem nada a ver comigo. O que realmente
faz sentido, para mim, é estar por cima, dominar. Não tenho receio de admitir
que sou uma pessoa controladora.
– E é exatamente por isso que precisa mudar de
perspectiva. Tem de se abrir. Renunciar a essa
necessidade de controle em favor de outra
pessoa capaz de assumir esse papel.
Ela estava ficando brava, mas tentava manter a
linha.
– Você é muito arrogante.
– Sim, sou mesmo. Mas tenho razão. Sempre
acerto em relação a esse assunto. Você tem problemas de autocontrole; posso
notar pela maneira como se controla. Vejo a raiva em seus olhos. Na forma como aperta
as mandíbulas. E, uma vez ou outra, provavelmente poderia administrar com sucesso
ficar por cima de um homem. Ou de uma mulher. Mas isso não a faria chegar a seu
anseio mais profundo, que é o da servidão. Não lhe daria o que você realmente
precisa.
Ela balançou a cabeça, cerrando os dentes.
Alec novamente se inclinou por cima da mesa,
segurando a mão dela. A mão dele era grande e
envolvia a dela com calor e força.
– Dylan, deixe-me fazer uma proposta a você.
Submeta-se a mim.
Ela tentou desvencilhar a mão, mas ele a
segurou firme.
Seu olhar estava mergulhado no dela,
incrivelmente convincente, de um azul cintilante.
– Tente –, ele continuou. – Sinta sua reação.
Se lhe parecer que estou certo, você terá aprendido algo a seu respeito e
conseguirá uma pesquisa bastante pessoal e exclusiva para seu livro. E, se eu
estiver errado, bem... mesmo assim terá feito alguma investigação.
– Posso fazer essa pesquisa como alguém que
domina.
– Não, não pode. É extremamente difícil para
alguém submisso ensinar a um dominante inexperiente.
Uma vez que as endorfinas começam a bombear
pelo corpo de um submisso, ele entra no subespaço, aquele na mente, em que tudo
é silêncio e só o que se pode sentir é a interação entre o superior e o inferior;
as sensações e os cheiros não serão suficientes para funcionar como
professores, no seu caso.
- Talvez não aprenda tanto. Mas pode aprender
de mim. Sou muito competente. – Fez um gesto com a mão livre. – Sei que estou
sendo arrogante de novo. Desconsidere. O que importa é que essa é a verdade.
– Talvez.
Quem sabe fosse verdade mesmo e essa fosse a
melhor maneira de aprender? O fato de sentir que tudo estava esquentando a seu
redor poderia não ter nada a ver com a proximidade de Alec, que ainda segurava
sua mão. Aquilo fazia com que ficasse molhada, por Deus do céu! Mas não passava
de pura química. Não significava nada nem conferia credibilidade à argumentação
dele. Estava certa de que poderia provar quanto ele se enganara.
Mordeu o lábio.
Ele estava totalmente enganado a seu respeito.
– Por quanto tempo deveríamos tentar? –, ela
perguntou.
Ele deu de ombros.
– Pelo tempo necessário. Até que você descubra
o que precisa saber. Para seu livro. Para si mesma.
– Será que poderíamos tentar algo como tocar
as orelhas um do outro? Só para ver como as coisas se desenrolam?
– Ah... eu sei o que vai acontecer.
– Mesmo? E o que é?
Ela estava irritada, de novo. E ele ainda
segurava sua mão. Com o polegar, acariciava os nós de seus dedos, enviando uma
fagulha de desejo diretamente a seu íntimo. Mas ela não lhe daria a satisfação
de tentar se esquivar outra vez.
– Primeiro, você vai lutar. Terei de trabalhar
muito. Conquistar sua confiança. – A voz dele era baixa, um grave murmúrio. Ela
era obrigada a se inclinar para frente na tentativa de ouvi-lo. – Mas pouco a pouco
vai se voltar para mim. Ficará em minhas mãos. Serei duro com você. E gentil.
Ele ergueu a mão dela, roçando os lábios por
toda a sua extensão, ampliando o calor que a escaldava, chocando-a. Ela não
conseguia articular as palavras. Sua mente estava em ligeiro caos.
Alec liberou sua mão sobre o tampo frio da
mesa, olhando-a fixamente.
– É assim que vai ser, Dylan.
Ela odiava o fato de estar meio tonta,
confusa. Não conseguia entender o que se passava. E não queria se entregar
àquilo. Ou a Alec Walker.
Pegou sua xícara de chá, tomou um gole.
Respirando fundo, fez um esforço para se acalmar e colocou a xícara na mesa com
a mão firme.
– Pense o que quiser, Alec. Mas obviamente
você não me conhece, ainda.
Ele pegou seu chá, sorveu um longo gole e fez
uma pausa. Continuou olhando para ela, de maneira penetrante.
– Não tão bem como certamente conhecerei. Quer
dizer, se você concordar com minha proposta.
– Estou concordando.
– Você gosta de um desafio.
– Sim.
– Eu também”
Ela tem muitos altos e baixos e um trauma em
si vai fazer muita coisa mudar nessa relação. Essa história é linda sim, eu
gostei do termo sendo abordado com tanto livre-arbítrio, nas palavras como se
fosse uma coisa comum, o sadomasoquismo e o sadismo. Foram muito
impressionantes as experiências deles. E no fim acabou prevalecendo acima disso
à relação do sentimento eles se apaixonam um pelo outro e enfrentando seus
problemas juntos. O amor vence, e une ainda mais as brincadeiras apimentadas.
Então meus queridos não têm como comentar, porque as próprias palavras da
autora relatam a situação, veja o que se segue e espero que vocês possam ler
esse livro.
“– Então, vai àquele passeio no sábado? –,
Dante perguntou.
– O quê? Sim... sábado. – Alec deslizou os
dedos pela borda de seu copo vazio. Talvez precisasse de
outro drinque.
– O que é que há com você, Alec?
– O que quer dizer com isso?
– Parece distraído.
– Sim, estou mesmo distraído –, ele murmurou
mais para si próprio do que para Dante.
– E então?
– Então... eu conheci uma mulher...
Dante riu.
– É sempre uma mulher. Ou uma motocicleta.
– Estou farto de motocicletas no momento.
– Mas não de mulheres?
– Não que isso sempre seja um problema, mas
essa mulher...
– Alec, você não está concluindo as frases.
Caso não tenha percebido.
– Merda.
– Tão mal assim? Ou tão bem?
– Não sei. Digo... sim… é bom. – Ele se
levantou e foi se servir de outra dose, sabendo que Dante esperaria,
pacientemente, até que ele completasse seus pensamentos.
– Essa mulher é Dylan Ivory. Eu lhe disse que
iria conhecê-la esta tarde. Ela não era o que eu
esperava. Não há fotografias dela em seu site na web, e acho que
pensei... bem, jamais imaginei que fosse tão maravilhosa, realmente linda.
– E?
– Fiz um trato com ela.
– Um trato?
– Ela nunca explorou escravidão sexual e
sadomasoquismo; certamente, não em nosso nível. Nem foi submissa. Mas posso ver
isso nela. Posso sentir o cheiro. E nunca me engano a esse respeito.
– E qual é o trato?
– Ela pensa que é dominante.
– Tenho certeza de que, em breve, você vai
mostrar a ela como está errada. – Alec podia ouvir o tom gozador na voz de
Dante.
– Se não conseguir, concordei em me submeter a
ela.
Dante deu uma risadinha.
– Não é provável que isso aconteça.
– Não. Não é.
– Então qual é o problema?
Alec se viu suspirando e parou.
– Não tenho certeza ainda. Talvez eu saiba
melhor quando puser minhas mãos nela, para que possa entendê-la. – Fez uma
pausa, tomou outro gole. – É... não sei... droga! Qual é o problema? Ela simplesmente...
me impressionou muito.
– Então o grande Alec está caído... –, Dante
falou com suavidade.
– Eu nunca disse que estava caído, Dante. –
Ele apertou o copo, as finas bordas do vidro lapidado encostando na palma de
sua mão.
– Não, você não está caído.
– Estou bem. Muito bem.
– Está bem. – Ele podia pressentir que Dante
estava encolhendo os ombros. – Então estamos
combinados para sábado?
– Sim.
– Você vai levá-la ao clube sábado à noite?
– Jesus Cristo, Dante! – Coçou o cavanhaque.
Suspirou. – Pensei em esperar uma ou duas semanas.
Como é que ele pode pensar em esperar tanto
tempo para vê-la de novo?
Ah, sim... de fato, estava bem encrencado.
– Alec, não que eu pretenda lhe dizer o que
deve fazer, especialmente com uma mulher que esteja se introduzindo nesse
estilo de vida, mas me parece que deveria vê-la bem antes disso.
– Por quê?
– Porque acho que você ficará doente se não
fizer isso.
– Imagine, Dante! Não é assim tão grave.
– Não mesmo?”
E com ela acontece o mesmo mas suas conversar
vamos reabater a uma conversa e logo veremos pela primeira vez deles.
“– Alô.
– Alô, Dylan.
Deus do céu, a voz dele era como uma corrente
elétrica correndo em suas veias, pulsando entre suas coxas.
– Olá, Alec.
– Como você está esta noite?
– Bem, muito bem.
Será que ele ligou para uma conversa fiada?
Ela achava que não poderia aguentar isso. Colocando uma almofada bordada no
colo, enrolou as bordas nos dedos.
– Não quer saber como estou? –, ele perguntou
com uma voz bem-humorada.
– Sim, claro. Desculpe. Eu estava… muito
concentrada em uma pesquisa quando você ligou. Minha mente estava divagando.
– Terei de me esforçar muito para chamar sua
total atenção.
– Não pense...
– Fique tranquila. Sei muito bem como lidar
com isso.
Ela fez uma pausa, gaguejando, mas ele
prosseguiu.
– Essa é a razão pela qual estou ligando.
Temos de começar a nos preparar para nossa primeira vez juntos.
– Ah...”
“– Você está linda, como sempre –, falou
sorrindo.
Ela tentou retribuir o sorriso, mas não
conseguiu.
Ele a puxou para perto enquanto a conduzia até
a imensa porta do clube, pintada de vermelho. Parecia confortável no
território. Alec era protetor, e ela gostou.
– Tudo bem. Não fique nervosa, Dylan. Vou
cuidar de tudo.
– Essa é a parte que me deixa nervosa.
Ele deu uma breve e malvada risada, algo que
não a confortou de jeito nenhum. Um porteiro franqueou a entrada deles, que
seguiram por um corredor escuro. Alec fez uma breve parada, suficiente para se
livrar de seu casaco e do guarda-chuva, entregando-os à chapeleira, que estava atrás
de um estreito balcão. Dylan nem pensou em usar um sobretudo, apesar do tempo.
Limitou-se ao que ele pedira. Estranho pensar naquilo àquele momento. Ela
afastou para o fundo da mente a ideia e tudo o que pudesse significar. Quando
seus olhos se ajustaram à luz fraca, notou que as mangas da camisa dele estavam
arregaçadas, revelando os dragões chineses tatuados na parte interna dos
antebraços: preto e vermelho no direito;
preto e dourado no esquerdo. O trabalho era
sofisticado, detalhado, as longas caudas se enroscando em seus braços, as
cabeças com línguas vermelhas de serpente na parte de dentro dos pulsos. Ela
queria olhar mais de perto. Desejava tocá-las. Mas estar naquele lugar era
inusitado, muito perturbador. Ela podia ouvir a pulsação difusa da música de
fundo, vinda de algum lugar. Sentia isso reverberar em sua barriga.
– Está pronta, Dylan? –, Alec perguntou.
Ela assentiu.
– Sim, estou.
Não tinha absoluta certeza de que era verdade.
Mas Alec estava com a mão em suas costas, guiando-a até passarem por outra
porta. O espaço era grande. Paredes pintadas de uma cor escura, com luzes de
várias cores profundas: âmbar, púrpura, vermelho. Os cantos eram cheios de
sombra e havia gente ali, mas ela não conseguia ver direito o que as pessoas
faziam. Tudo que podia perceber eram pares e grupos reduzidos. Olhando com mais
atenção, distinguiu calças de couro e coletes pretos, cintos de segurança,
espartilhos vermelhos, pretos,
brancos. Coleiras ao redor do pescoço de
homens e mulheres – algumas feitas de couro, outras de metal brilhante. A carne
nua. Em todo lugar, contra as paredes, havia equipamentos. Ela reconheceu os
bancos de couro próprios para espancamento, feitos para que a pessoa a levar as
pancadas pudesse se inclinar, apoiando os joelhos sobre trilhos acolchoados.
Adiante, um par de grandes peças de madeira usadas para atar gente com cordas,
um X de sete metros de altura, que ela sabia ter o nome de Cruz de Santo André.
E, embora observasse a cena que estava diante de seus olhos, ela permanecia
muito consciente da proximidade de Alec, o calor de seu corpo imenso, tão maior
que ela, que estava usando seus saltos mais altos. O perfume dele, aquela
divina mistura de floresta e mar. Alec e os cheiros de couro, um aroma difuso
de
perfume e sensualidade no ambiente. Ela estava
tremendo. De ansiosa antecipação. Com desejo. E algo mais…
– Você está bem, Dylan? –, ele quis saber.
– Sim. Estou bem.
Ele parou, colocou a mão sob seu queixo,
forçando-a a encará-lo.
– Está?
Ela engoliu seco.
– Sim, estou. Garanto. É que tudo isso é
apenas... novo para mim. Estou tentando absorver tudo. É diferente de qualquer
outro lugar onde já estive.
– Sim, é. – Sorriu para ela, soltando sua mão.
– Para onde estamos indo?
– Shhhh... Apenas venha comigo.
Ela assentiu, calou a boca, não obstante todas
as perguntas que giravam em sua mente, e o seguiu. Não podia acreditar que
estava fazendo isso. Deixar que outra pessoa assumisse tudo, tomasse as
decisões. Exceto aquele homem, ela lembrou para si mesma. E, entretanto, ainda
estava de acordo. Chegaram ao lado oposto do salão e pararam diante de um sofá
forrado de couro vermelho.
– Sente-se, Dylan –, Alec disse em voz baixa,
mas cheia de autoridade.
Ela obedeceu, tentando não questionar. Era por
isto que estava ali: para abrir mão pela primeira vez. Para explorar aquilo. Alec
sentou perto dela, estendendo o braço ao longo das costas do sofá. Podia
senti-lo roçar em seus cabelos. Ele cheirava tão bem naquela noite, só aquele
perfume fazia seu corpo arder, deixando-a zonza.
– Vamos apenas olhar por um tempo –, ele
disse, o rosto bem próximo ao dela. – Quero que você relaxe para absorver tudo,
como comentou. E, enquanto olha, controle sua respiração, mantendo-a baixa e contínua.
Entendeu, Dylan?
Ela balançou a cabeça, fitando o ambiente, as
pessoas se contorcendo. Conseguia enxergar melhor agora que seus olhos haviam
se ajustado.
– Dylan, olhe para mim.
O tom de absoluto comando na voz dele a surpreendeu,
e ela virou a cabeça. Seu pulso disparou como uma baixa vibração em suas veias.
Ela queria discutir, mas a expressão dele indicou que não deveria. Ela nunca
havia sido intimidada daquele jeito por ninguém ao longo de sua vida. Mas não
era disso que se tratava. Algo estava acontecendo com ela, de maneira que as
engrenagens de sua mente estavam mudando. Não conseguia entender.
– Sei que é difícil para você –, ele disse. –
Mas tem de fazer um esforço para se entregar a mim.
– Sim –, ela sussurrou, a garganta apertada.
Não conseguia respirar o suficiente para falar
normalmente.
– Vamos ter regras aqui. Uma vez que
começarmos, você não falará, a menos que eu lhe faça uma pergunta ou que você
precise dizer algo completamente inadiável. E quero dizer com isso que deve ser
algo urgente: apenas se seu bem-estar físico ou mental estiver sendo comprometido.
Se sentir que está em perigo, de fato. Estar um pouco assustada não é razão
suficiente. Eu até espero que você sinta um pouco de medo. Francamente, se isso
não acontecer, de alguma forma eu não estarei fazendo direito meu trabalho.
Dylan olhou para ele, sua mente se esvaziando
com uma velocidade alarmante. Ela não gostava dessa sensação difusa em seus
braços e pernas. Uma sensação de fraqueza.
– Você me ouve, Dylan?
– Sim, escuto.
– Mas?
– Mas… não sei se posso fazer isso.
– Você pode. Sinto que pode, Dylan. Notei
desde o momento em que nos conhecemos. E não estou sendo arrogante. Levei
muitos anos para aprender a ver essas coisas.
– Eu sei. Não é de suas habilidades que estou
duvidando.
Ele pôs a mão em sua coxa e ela sentiu aquela
faísca elétrica, como um formigamento, espalhando-se no interior de seus ossos.
– Por que você duvida de si mesma? –, ele
perguntou.
Seu olhar era penetrante. Sólido. Os olhos
azuis mais escuros ainda, profundos, as pupilas dilatadas sob a luz baça.
– Sempre me considerei sexualmente
sofisticada. Com muita experiência. Não que esteja me gabando, mas... pensei
que pudesse encarar isso. Que seria fácil. No entanto, agora que estou aqui...
Deus do céu, mal posso admitir para você... para mim mesma. Eu me sinto como se
fosse uma idiota. E não gosto disso.
Agora ela estava mesmo tremendo.
– Não há razão para achar que não deve admitir
seu medo ou insegurança.
– Mas é o que sinto. Mesmo que essa seja uma
reação normal para outras pessoas que vêm aqui. – Ao falar, seu coração
disparou, e ela teve vontade de fugir. Precisava escapar. –
Realmente, tenho de ir embora, Alec. Não posso fazer isso.
Ela se levantou, mas com os joelhos tão
frágeis que mal podia parar em pé.
Alec se ergueu, amparando-a. Seu braço a
enlaçou, e ele aproximou seu rosto do dela. Dylan tentou se afastar, mas ele a
segurava firme.
– Dylan, acalme-se. Você pode fazer isso. Você
está bem.
– Não, não estou.
Sentiu que iria chorar. Mas não deveria. Não ia cair no choro.
– Está, sim. Está comigo. Vou cuidar de tudo.
Quando é que outro homem tinha dito uma coisa
dessas para ela? E será que ela teria aceitado se tivesse acontecido? Mas ela
confiava em Alec, embora mal o conhecesse. A despeito de si mesma. De sua
necessidade de estar no controle. Não conseguia entender.
Talvez não precisasse.
– Vamos lá, Dylan. Você está bem –, ele disse,
a voz limitada a um murmúrio baixinho.
Ela deixou que ele a ajudasse a voltar para o
sofá. Dessa vez, ele manteve o braço em volta de sua cintura, segurando-a junto
de si. E, depois de alguns momentos, seu cheiro e a sensação de estar com ele começaram
a funcionar. Seus sentidos se moldaram a ele, e o resto – seus medos, sua
necessidade de estar no comando de tudo – foi desaparecendo, enquanto o desejo
passava a falar mais alto.
– Observe o que os outros estão fazendo –, ele
disse em seu ouvido, a respiração como um sussuro quente na pele. – Veja como
são lindos, todos eles. Aqui, a aparência não conta. O que importa são os presentes
de confiança e energia que trocam. Essa é a parte bonita. É disso que se trata,
Dylan.
Ela olhou diretamente para o lado oposto do
salão, onde uma mulher nua estava inclinada sobre um dos bancos de
espancamento. Seus cabelos louros pendiam ao redor da face, e o homem que
estava em pé perto dela afastou uma mecha suavemente de seu rosto, abaixando-se
para beijá-la, antes de se afastar e passar as mãos sobre a curva de sua bunda.
Havia ternura na maneira como ele a tocava, mesmo quando começou a bater.
O desejo se agitou entre as coxas de Dylan.
Era isso que ela queria?
Voltou-se, olhando para Alec. Os olhos dele
cintilavam. Havia fome ali. Mas também absoluto
controle.
Sim, ela podia confiar nele.
Ainda não tinha certeza de que pudesse confiar
em si mesma. Mas ia, sim, fazer aquilo.
– Tudo bem. Tudo bem, podemos… começar de uma
vez?
O rosto de Alec estava perfeitamente sério.
– Você sempre pode decidir parar, Dylan. Aí
está a beleza, a extrema segurança. Depende de você.
Ela balançou a cabeça, concordando.
Ele sorriu.
– Então vamos começar.
Alec pegou a mão dela e sentiu que estava
tremendo. Ele, de fato, não queria que ela tivesse medo.
Mas um pouco de receio, alguma antecipação
nervosa era um desafio de que ele sempre gostara. E ela era incrivelmente
linda, com aquela massa selvagem de cabelos ao redor do rosto pálido, os olhos imensos,
brilhantes. Ele a levou a um canto mais escuro do salão, para uma grande
cadeira de couro vermelho de amplo assento e sem braços. Colocou ali perto sua
maleta negra, cheia de instrumentos de escravidão e sadomasoquismo –
palmatórias, chicotes, varas, abraçadeiras.
– O que é isso? –, Dylan perguntou, olhando
para a cadeira.
– Quer alguma coisa mais contundente para sua
primeira experiência? –, ele lhe perguntou, brincando um pouco com ela. Já
sabia a resposta.
– Não sei.
A expressão dele continuava totalmente séria.
Podia perceber os músculos funcionando na mandíbula da jovem. Ela estava
tentando arduamente intelectualizar sua incursão naquilo. Teria de aprender que
tal atitude não funcionava naquele ambiente. Ele iria conduzi-la para além das
reviravoltas de sua mente.
Precisava desarmá-la.
– Não se preocupe. Eu sei. Agora, tire suas
roupas.
– O quê?
Ela deu um passo atrás, afastando-se, o que o
fez sorrir. Não podia evitar.
– Vamos lá, Dylan. Na certa, não pensou em
entrar nesse jogo totalmente vestida, pensou?
Ele fitou-a nos olhos, de novo.
– Venha aqui, Dylan.
Ela deu um passo à frente, hesitante, e parou.
Ele a enlaçou pela cintura, com uma das mãos, e a puxou para si. Dylan,
sobressaltada, deixou escapar um suspiro.
– Dylan, se vamos atuar juntos, você precisa
aprender a seguir instruções. Se resistir, não vai
acontecer.
A respiração dela estava rápida e irregular.
– Eu sei, mas não posso evitar.
– Você vai superar esse pânico inicial. Apenas
faça como digo e confie em mim.
Ela assentiu com a cabeça.
– Diga isso.
– Eu... vou fazer o que está dizendo. Confio
em você, Alec.
Ainda havia uma ponta de resistência na voz
dela. Mas tudo bem. Ele faria com que passasse logo. Enquanto isso, ele ficava
meio louco com o calor do corpo dela, isso o distraía.
Foco.
Ele a segurou mais forte, sentou na cadeira e
a colocou no colo, a mão em volta de sua cintura. Ah, aquela pele de puro
cetim, pálida e macia. Podia sentir o calor do sexo dela através de suas
calças. Tateou o seu rosto, depois introduziu os dedos em seus cabelos,
enroscou-os naqueles cachos. Tão suaves...
– Apenas respire, Dylan. Tente relaxar. Ouça
minha voz.
Ela balançou a cabeça.
Mas podia lidar com isso, lembrou para si
mesmo. Sempre conseguira. Simplesmente tinha de manter seu poder, bancá-lo por
ora. E dar a ela o que desejava. Essa era sua missão, algo que fazia muito bem.
Mantendo uma das mãos atrás do pescoço dela, ele o apertou ligeiramente. A
confusão se estampou em suas feições.
– Quieta, Dylan.
Parecia que ela ia falar, mas fechou a boca.
– Boa menina.
Um arrepio a percorreu diante dessas palavras.
Ah... ela seria a perfeita base, essa mulher.
Aquela combinação irresistível de força e fogo e uma reação submissa natural.
(...)
“– Diga que quer isso, Dylan –, ele ordenou.
– Eu... Sim, eu quero isso.
Ele encontrou a borda do tecido, sob o qual
deslizou os dedos.
Ela soltou um pequeno gemido. Mas manteve os
olhos abertos, fixos nos dele, enquanto os dedos de Alec tateavam as dobras
intumescidas entre suas coxas. Incrível como ela estava molhada! Encharcada. E
ele ia morrer por tocá-la daquele jeito e não fazer nada quanto à intensa
pulsação de seu pênis. Mas conseguiria. Passou os dedos sobre a vagina,
separando a carne inchada e parando por um momento. Muito excitada. Então
encontrou seu clitóris e o beliscou delicadamente.
– Ah...”
(...)
“– Goze para mim, Dylan.
E ela gozou, foi simples assim. O sexo dela
apertando os dedos dele, em movimentos de vaivém, fazendo com que ela arqueasse
o corpo. E ele com o pênis vibrando de desejo, o pulso acelerado.
– Ah... sim... Alec.
Ela mordeu o lábio, e era bom demais para
resistir. Inclinando-se, ele pegou aquela carne intumescida entre seus dentes e
mordeu com a pressão exata, depois abriu os lábios dela com a língua. Ela
estava gozando, ofegava em sua boca. E ele engoliu tudo que vinha de Dylan: seu
prazer, seus suspiros, o intenso cheiro de desejo no ar.
Ela ainda estava tremendo quando ele se afastou
e a virou, deitando-a de bruços em seu colo.
– Alec?
O corpo dele ficou inteiramente tenso.
– Shhhh. Chegou a hora, Dylan. É por isso que
estamos aqui. Você está pronta.
– Alec... não... Eu não posso...
Estava lutando para se erguer, mas ele a
segurava com firmeza.
– Você está me indicando vermelho? Está usando a
palavra de segurança para acabar com a
performance? Se estiver, vou deixar que se
levante e se vista e vá embora. É o que você quer?
– Eu... Não.
Ele mal podia esperar para subjugá-la.
Espancá-la. Só que isso iria fazer seu pênis ficar mais duro ainda, tornaria
mais difícil manter-se controlado. Nenhuma mulher desafiara seu autocontrole
como Dylan. Mas ele podia lidar com isso. Simplesmente tinha de conseguir.
Naquele momento, desejava tocá-la mais do que qualquer outra coisa no mundo.
– Vamos ficar, Dylan?
– Sim.
Ele podia sentir uma tênue rendição no corpo
dela. Era o suficiente. Puxou a malha transparente da calcinha dela para o
interior da linha que divide as nádegas, deixando-as expostas. Passou as palmas
das mãos suavemente sobre a carne, apenas acariciando a pele. Realmente, ela
estava entregue em seu colo. Perfeita. Tão perfeita como a curva durinha de sua
bunda nua. Ele começou a dar pequenos golpes com a ponta dos dedos, com pressão
suficiente para que ela pudesse sentir. Procurou escutar se ela dava algum
sinal de pânico, mas até então estava bem. Bateu um pouco mais forte, a sua mão
provocando o som de uma palmada. A respiração dela não mudou, mas sua carne
ficou aquecida e mostrou um delicado tom de rosa.
– Você está bem, Dylan?
– Sim.
Ela ainda permanecia entregue e quente, e ele
soube que Dylan estava deslizando no limite do
subespaço e talvez já estivesse quando a
manipulava com os dedos, antes mesmo de ter gozado. Seu pênis se contorceu,
intumescido. Não pense nisso agora. Concentre-se. Ele bateu mais
forte, a outra mão ainda segurando, bem firme, a parte de trás do pescoço dela.
Ele
sabia que ela estava sentindo alguma dor. E
que o desejo no corpo dela poderia se converter em prazer caso lidasse direito
com ela. Era o que pretendia. Ao parar de bater naquela pele cada vez mais
rosada, ele sorriu para si mesmo, diante do tom adorável. Passando as pontas
dos dedos em suas nádegas, ele beliscou a curva inferior. Ela se encolheu, mas
mantendo a mesma respiração. Não havia nenhum sinal de tensão em seus músculos.
Soube que, se pudesse olhar o rosto dela, veria pupilas dilatadas e maçãs do
rosto coradas.
– Dylan, você me acompanha?
– Sim.
– Agora eu vou realmente bater em você.
Um gemido suave e depois:
– Sim...
– Boa menina.
Ele levantou a mão e bateu em uma das nádegas
firmes. Ela se assustou, mas ficou quieta.
– Excelente, Dylan. Apenas inspire e expire,
como lhe mostrei, antes.
Esperou até que ela respirasse profundamente e
então bateu de novo em sua carne.
– Ah..!
– Muito bem, Dylan. Você pode aguentar.
Ele bateu, de novo, em sua bunda, que estava
maravilhosamente rosada. E estava suportando.
Linda
menina.
Ele estava ficando incrivelmente selvagem. Começou
a trabalhar com ritmo, sua mão se erguendo e baixando, no mesmo compasso da
música de fundo. Nada mais existia. Apenas a música, a curva perfeita daquela
bunda e o desejo agudo que ele mal conseguia conter, mas que de alguma forma
controlava.
Por ela.
– Alec... – A voz dela estava baixa, ofegante.
Ele parou.
– O que é?
– Eu preciso... gozar de novo.
Nossa! Aquela garota era impecável.
Absolutamentre impecável. Havia uma bravura nela, uma honestidade sobre sexo
que realmente o afetava. Ela, de fato, o afetava. Isso nunca lhe acontecera na vida. Nunca
permitira que ocorresse. Mas Dylan...Ela era perfeita. “
(...)
E aqui está parte mais difícil da situação...
vamos interpretar de maneira bem simples.
“– Alec?
– Você está tremendo. – Ele a puxou para mais
perto de seu grande corpo. – Está com frio?
– Sim. Um pouco.
Lutou contra as lágrimas que não compreendia
enquanto ele pegou um cobertor macio do encosto da cadeira, algo que ela não
havia notado antes e, com ele, envolveu seus ombros.
– Você vai ficar bem em pouco tempo.
– Isso é... O que significa isso? O que está
acontecendo comigo?
– É o que chamam de “fundo do poço”. Mesmo uma
submissa experiente pode chegar a isso. É uma sobrecarga de endorfinas e, às
vezes, de adrenalina. Ou mesmo simples emoção liberada, como pode acontecer
durante uma sessão de massagem profunda.
– Não gosto desta parte.
– Não esperava que gostasse. Vai passar. Vou
ficar bem aqui, com você.
Mas isso não a confortou. Ela sentiu, súbita e
agudamente, que estar com Alec era parte do problema. Ele fazia com que se
sentisse muito vulnerável. Aberta demais. Ela se encolheu, tentando sair do
colo de Alec.
– Ei –, ele disse, com suavidade. – O que está
fazendo?
– Preciso ir embora.
– Dylan, fique quieta agora. Ouça. Você está
entrando em pânico. Isso acontece. Mas vai ficar bem, prometo. Vou cuidar de
você. Sente aqui. Vamos fazer algumas respirações.
– Não.
– Dylan…
– Não posso! Quero que me ajude a levantar.
Os braços dele se fecharam em torno dela, uma
gaiola de músculos. Seu coração disparou, martelando. Ela o empurrou, tentando
evitar o abraço, enterrou as unhas na carne dele, mas ele não se moveu. Seus olhos
foram ficando marejados de lágrimas. O estava acontecendo com ela? Precisava ir
embora.
– Dylan, acalme-se, está tudo bem. Mas não vou
deixar que se levante. Precisa permanecer aqui, por ora. Vamos lá. Faça a
respiração.
– Alec…
Ele a segurou mais forte.
– Faça isso.
Ela percebeu que ele não a deixaria ir embora.
E mesmo que uma parte dela se rebelasse contra a ideia, outra parte estava
estranhamente aliviada. Mordeu o lábio, deixou que seus dedos se afrouxassem em
torno do pulso dele. Se ao menos ela conseguisse estancar aquelas malditas lágrimas...
– Está bem, está bem.
– Ótimo. Só respire, como fez ontem. Insspire
profundamente pelo nariz. Sim, isso mesmo. Segure o ar nos pulmões. Agora deixe
sair pela boca. Como a respiração de ioga. Você já fez ioga?
– Sim.
– É exatamente o que deve fazer. Deixe o ar
encher seu corpo, relaxe os membros. Muito bom.
Ele sentou, fazendo a mesma coisa. Ela perdeu
a noção de há quanto tempo estava ali. Não importava. Concentrou-se na voz
dele, em sua respiração, no calor protetor daquele abraço. E, finalmente, seu
corpo começou a relaxar.
– Alec, estou muito cansada.
– Sim. É o efeito. Por isso eu não quis que
você viesse dirigindo esta noite. É difícil entender do que se trata até passar
pela experiência.
– Você tem razão. Eu não teria conseguido. Não
esperava me… sentir assim. Não consigo entender.
– Não tente compreender demais esta noite.
Ela suspirou.
– Não. Nem consigo. Mal posso pensar.
– Esta experiência não tem a ver com
pensamento, Dylan. Refere-se a desconectar aquela parte analítica de sua mente
e simplesmente sentir.
– É o que você faz?
– Meu papel nisso é diferente. Tenho de me
responsabilizar por tudo que acontece aqui. Por você.
Ele fez uma pausa, acariciando os cabelos que
caíam no rosto dela, fazendo com que seu pulso
vibrasse. Ela não queria pensar sobre o porquê.
– Dylan, você está melhor agora?
– Sim, acho que sim.
– Vou levá-la para casa comigo.
– Não. Eu gostaria de ir para minha casa.
– Não vamos discutir a respeito.”
(...)
“– Você não precisa fazer isso –, ela disse.
– Fazer o quê?
O táxi atravessava a cidade. Tinha parado de
chover, mas as ruas permaneciam molhadas, e ela ouvia o suave chafurdar dos
pneus no asfalto.
– Você não precisa... me abraçar.
– É claro que preciso.
Ele pareceu verdadeiramente surpreso.
– Porque é parte do seu trabalho?
Ele ficou em silêncio por um longo instante.
– Não.
– Então por quê?
Outro largo silêncio. E então disse:
– Porque eu quero.”
(...)
” Ela precisava sair dali. Tinha de ir embora
antes que ele acordasse. Antes... do quê?
Antes que ela desse algo mais de si mesma para
aquele homem.
Deslizou para fora da cama, encontrou suas
roupas dobradas sobre o braço de uma cadeira cor de camurça escura que estava
perto da janela e foi o mais silenciosamente que pôde até o corredor. Desceu as
escadas e se vestiu rapidamente, no hall de entrada. Parecia estranho usar aquele traje
sexy, da noitada no Pleasure Dome, em pleno e frio começo da manhã,
no silêncio em uma casa às escuras. Parecia totalmente fora de sintonia com a
maneira como estava se sentindo.
Simplesmente
vá embora.”
(...)
“– Alô?
– Você foi embora.
– O quê? Eu... Alec.
– Por que, Dylan?
Ela afastou o cabelo do rosto, tentando fazer
o cérebro funcionar. Por que havia ido embora? Ela lembrou-se do calor da imensa cama dele, do
corpo a seu lado, do absoluto conforto daquela presença. E de seu medo pelo
tanto que gostou de estar lá. Precisava estar lá. Com ele. Seu pulso se acelerou, o coração começou a
disparar.
– Eu apenas... tinha de ir embora.
Ele suspirou silenciosamente do outro lado da
linha. Ou talvez fosse um sinal de irritação.
– Dylan, temos de conversar sobre isso.
– Por que é parte de seu trabalho como
dominador?
– É parte de meu trabalho. Você é minha
responsabilidade depois de uma sessão. Preciso saber que você está bem antes de
deixá-la.
– Fui eu que o deixei.
– Sem conversar comigo.
A raiva ardeu no peito dela.
– Eu lhe disse, Alec, não sou uma escrava
qualquer.
– Não, mas há regras por uma razão,
independentemente do nível de poder envolvido no jogo. Para manter você segura.
– Estou perfeitamente segura.
Ele ficou em silêncio, por um instante.
Depois, falou com tranquilidade, mas a raiva era aparente em sua voz:
– Porra, Dylan! Reconheço como você é forte.
Como é competente em sua vida diária. Mas toda essa coisa não se aplica aqui. Não
quando você se entrega a mim. Quando sou eu que a conduzo para aquele espaço
onde você não é capaz de tomar decisões, de cuidar de seu próprio bem-estar. E
você é muito novata nisso para julgar direito o momento em que saiu daquele
estado.
Será que ele tinha razão? Ela não podia saber,
de imediato. Ainda estava muito cansada.
– Dylan? Você ouviu o que eu disse?
– Ouvi, sim. Eu estou... pensando.
– Bem, então pense nisso. Não vou interagir
com uma mulher que não respeita as regras que estipulei.
E uma dessas regras é que eu decido quando você
está bem para ficar sozinha.
– Por que você está tão zangado, Alec? Estou
em casa, na cama. Dormia ou tentava pegar no sono, até que você ligou. Estou
obviamente bem.
– Está?
– Sim. – A mentira rolou de sua língua fácil
demais.
– Sua primeira experiência com o jogo da dor,
sua primeira vez em um clube de fetiche e você está perfeitamente bem? Nenhuma
confusão com o que aconteceu com você, nenhuma dificuldade de aceitar sua reação,
seus desejos? Mesmo que isso seja a antítese de como você normalmente é?
– Não foi o que eu disse.
– Não. Nem precisava. Olhe, Dylan, eu faço
isso há muito tempo. Desenvolver certa intuição, entender as transições pelas
quais passa uma pessoa que entra no ambiente é parte do trabalho de um bom dominante.
E sou muito bom no que faço. Então tentar me dizer que está perfeitamente bem,
que não foi afetada pela noite passada é pura bobagem.
– Não disse que fiquei totalmente insensível.
– Você está intelectualizando isso, Dylan.
Ela mordeu o lábio, enrolou a ponta dos dedos
na borda da colcha.
– Talvez esteja. É minha reação habitual a...
quase tudo.
– Você terá de ir mais fundo se quiser,
realmente, vivenciar esta experiência.
Ela estava com raiva agora. Sabia que estava
sendo levada por seus mecanismos de defesa. E nem ligava.
– Eu nunca disse... Estou apenas fazendo uma
pesquisa para meu livro, Alec. Até onde devo ir para fazer isso?
– Até onde seus desejos a conduzam. Até onde
esteja disposta a ir.
– Não sei até que ponto. Tudo bem?
– Parece justo.
– Bem, eu... O quê?
– Eu disse que parece justo.
Ela imaginou que ele iria retrucar. Mas, como
não fez isso, ela acabou se sentindo um pouco ridícula. Recorreu à respiração.
E expirou, deixando que um pouco de sua raiva fosse filtrada junto com o ar.
– Lamento ter ido embora –, ela disse, um
pouco relutante.
– Tudo bem.
– Por que, subitamente, você está sendo tão
razoável?
– Estou sendo razoável porque eu sou razoável, não
tenho nada de louco. Isso a desconserta?
– Sim. – Ela odiava admitir isso. Detestava
porque fazia com que se sentisse fraca.
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