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Sunday, June 24, 2012

Humanidade - Charles Chaplin

"Aos que me podem ouvir eu digo: `Não desespereis!' A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia, da amargura dos homens que temem o avanço humano..."
Charles Chaplin - O Último Discurso 



 Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. 

Os seres humanos são assim. 

Desejamos viver para a felicidade do próximo - 

não para o seu infortúnio. 

Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? 

Neste mundo há espaço para todos. 

A terra, que é boa e rica, 

pode prover todas as nossas necessidades.



O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. 

A cobiça envenenou a alma do homem ...

 levantou no mundo as muralhas do ódio ... 

e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. 

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. 

A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. 

Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. 

Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. 

Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura.

 Sem essas duas virtudes, 

a vida será de violência e tudo será perdido.



A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A próxima natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem ... um apelo à fraternidade universal ... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora ... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas ... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. 

Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia ... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. 

Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. 

E assim, enquanto morrem os homens, 

a liberdade nunca perecerá.



Soldados! Não vos entregueis a esses brutais ... que vos desprezam ... que vos escravizam ... que arregimentam as vossas vidas ... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar ... os que não se fazem amar e os inumanos.



Soldados! Não batalheis pela escravidão! lutai pela liberdade! 

No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós! 

Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. 

O poder de criar felicidade! 

Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela ... 

de fazê-la uma aventura maravilhosa. 

Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo ... 

um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, 

que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.



É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. 

Soldados, em nome da democracia, unamo-nos.



Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergues os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. 

Ergue os olhos!

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